Uma parentalidade mais consciente em 2022

Por Janice Mansur (@janice_mansur)*

A maioria de nós reelabora planos em janeiro para desenrolar o resto do ano, mas, dizem algumas pesquisas, que apenas uma em cada dez pessoas conseguirá manter seus objetivos. Não me importando com essas estatísticas, entendo realmente não ser tão fácil planejar e cumprir metas, simplesmente porque há variáveis que mudam totalmente nossos planos. O “segredo” do sucesso é planejar o que se deseja e, em seguida, visualizar como o sucesso será, acreditando firmemente que acontecerá e já se sentir com ele, dizem coaches famosos. Porém entendo que algumas falhas de percurso ocorrerão, embora ajamos em direção ao objetivo almejado.

Sobre criar filhos, então… é um negócio desafiador e sem regras! Portanto, se você é como a maioria dos pais, provavelmente começou a traçar alguns planos de sua jornada na criação dos filhos (que quer ter ou já tem), desenvolveu alguma ideia de como criá-los, pensa quais coisas ensinar a eles e como se comportarão no futuro. Pelo viés da psicanálise no recorte teórico de Bion, já acontece “naturalmente” de sermos falados e pensados bem antes de nossa vinda ao mundo. Os pais “sempre” planejam ou sonham como os filhos seriam ou serão. Todavia, se os pais pensassem como ser melhores seres humanos e como podem dividir (compartilhar) essa grande responsabilidade que é a de pôr filhos no mundo, seria melhor, não?

Mas muitas vezes esquecemos de que nossos filhos têm personalidade própria e provavelmente terão concepções da realidade diferentes das nossas! Criar filhos equilibrados e confiantes pode ser tarefa difícil, mas a boa notícia é que, quando as coisas ficam difíceis, você não está sozinho e pode recorrer a muitos terapeutas parentais sérios que há por aí. E embora eu não acredite que coaching sirva para tudo, pois não existe panaceia quando se trata de viver, uso aqui algumas dicas de Sue Atkins, autora que trabalha com coaching parental e participa do programa This Morning, no Reino Unido.

Algumas vezes quando você faz algo tão simples como escrever as metas que gostaria de alcançar, você se sente muito mais no “controle” de sua vida, menos estressado e com mais energia (eu brinco dizendo que escrever é excelente exercício para pensar e depois esquecer no papel, ao menos por uma noite, para finalmente pode dormir). De acordo com essa autora, o caminho para ser um pai ou mãe melhor (ou mais comprometido e consciente, a meu ver) começa com algumas etapas. Então, aproveitamos sua experiência na área para concordar ou discordar, acrescentando nossa ótica. Podemos então: 1) Escrever em um caderno sobre ser um pai ou mãe “ideal” (embora saibamos que não existem pais perfeitos). Pegue uma caneta e papel e reserve alguns minutos para sonhar acordado, este pode ser um bom exercício de reflexão. “Que tipo de pai você quer ser? Como você gostaria que seu filho o descrevesse quando crescesse e contasse aos próprios filhos sobre você?”; 2) Definir metas realizáveis pode ajudar também. Comece questionando a si mesmo para resolver primeiro seus problemas, antes de trazer outras pessoas ao mundo, certo?  “O que mais desejo mudar em minhas relações familiares? Como minha vida seria diferente se meus problemas ou preocupações fossem resolvidos? O que vai acontecer se eu não solucionar de uma vez por todas isso que arrasto por tanto tempo? O que posso fazer hoje para iniciar o processo?”; 3) Criar uma lista e lê-la em voz alta, imaginar ou visualizar sua vida familiar acontecendo como o esperado pode ajudar. Sinta-se como se essas coisas estivessem de verdade em sua vida. Imagine cenas mentalmente em fotos brilhantes e coloridas. (Essa é uma das técnicas de coaching que pode funcionar ou não, dependendo do nível de crença de cada um, concorda? Mas que é sempre bom pensar positivo, isso é!); 4) Criar hábitos saudáveis físicos e mentais. “Deixe a lista de objetivos entrar em sua mente inconsciente, lendo-os algumas vezes por dia e logo seus objetivos se transformarão em hábitos”. Coaches acreditam nisso. Penso que há formas práticas de criar disciplina com uma dose de esforço a mais, porém transformar disciplina em hábito leva tempo. Atkins, por exemplo, acredita na criação de hábitos por repetição para o sucesso, pois sua mente inconsciente começa a explorar maneiras de fazer essas coisas acontecerem − ela começa a entregar um plano que será fundamental para atingir seus objetivos. (Quem seria essa mente inconsciente? Tenho algumas teorias sobre, e você?).

Para a autora em questão, se você deseja que seu relacionamento com seu filho, criança ou adolescente, melhore, relaxe e continue visualizando com muitos detalhes como você gostaria de estar ou de viver, pois isso o inspirará e o manterá entusiasmado e com foco.

Mas, principalmente, tome uma atitude

Você deve tomar a AÇÃO! FAÇA ALGUMA COISA para alcançar seus objetivos. Penso eu que você pode começar mudando seu tom de voz, parecendo mais assertivo e confiante, ouvindo mais e falando menos. Criticando menos seu filho e reconhecendo mais seus atributos e capacidades. Ouvindo os desejos dele, respeitando e entendendo que ele é um ser à parte, independentemente da idade em que ele esteja. Lendo um livro sobre criação consciente, inteligente, parentalidade ou Comunicação Não Violenta, ou qualquer coisa necessária para fazer pequenas mudanças que resultarão em grandes diferenças. É necessário estar atento para não repetir falhas, tendo em mente que outras poderão acontecer. Por isso, também é interessante dividir sua angústia com um psicoterapeuta.

Reconheça que está no seu caminho, desempenhando um bom papel. Como pais, nos esquecemos de comemorar e reconhecer o ótimo trabalho que fazemos, muitas vezes em circunstâncias difíceis. Uma parentalidade saudável exige estudo e elaboração, muita abertura mental e emocional, questionamento de si e aprendizado constante. Todas as coisas de escrever e visualizar podem ajudar, mas é preciso pôr a mão na massa, e psicoterapia ajuda demais. O ano está apenas começando, portanto há um mundo de possibilidades a sua volta. Confie em si mesmo. Não se sinta derrotado nem se recrimine sobre o que não deu certo até agora, sob seu ponto vista. Aprenda com as falhas (que todos cometemos) e anime-se com as coisas que você pode fazer, pois “é claro que o sol vai voltar amanhã”.

“Espera para ver”… mas age.

* Janice Mansur é escritora, professora, revisora de tradução, criadora de conteúdo e psicoterapeuta para mães, mulheres sem filhos, adolescentes e homens (atendimento online a pessoas de todas as orientações sexuais e gêneros). Canal do YouTube: BETTER & Happier Instagram: @janice_mansur

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