Pobreza ameaça acesso de latino-americanos de Londres à vacinação
Da Redação
Há uma preocupação acentuada de que membros da comunidade latino-americana em Londres não sejam vacinados, após uma pesquisa revelar que um em cada sete latino-americanos de baixa renda residentes na capital não está registrado nos GPs.
O estudo foi realizado pela Indoamerican Refugee and Migrant Organisation (IRMO), organização de caridade de Brixton, sobre o impacto da Covid-19 na comunidade. O relatório foi elaborado a partir de dados quantitativos e qualitativos de uma pesquisa realizada com 170 pessoas durante o auge da pandemia na primavera de 2020.
Como se sabe, o GP é única forma de contato para marcação da vacinada contra o coronavírus. “A alta proporção de latino-americanos não registrados com um GP levanta questões sobre sua potencial exclusão de programas de saúde, incluindo o lançamento da vacina Covid-19”, aponta o relatório.
Estima-se que existam 250.000 latino-americanos vivendo no Reino Unido, metade dos quais em Londres, fazendo desse o oitavo maior grupo étnico da capital. O acesso digital pobre complica os problemas de acesso aos serviços de saúde, pois quatro em cada dez entrevistados disseram não ter internet em casa e 15% não tinham dispositivos.
O relatório, assinado pela socióloga chilena Helia Lopez Zarzosa, aponta também que um grupo de entrevistados está lutando com sua saúde mental. Eles relataram depressão, ansiedade, insônia e ataques de pânico.
A pandemia da COVID-19 também afetou negativamente o bem-estar das famílias, aponta a pesquisa. Alguns fatores de estresse são as habitações superlotadas.
65% dos entrevistados estão concentrados em alguns dos mais carentes bairros de Londres: Lambeth, Southwark, Lewisham e Wandsworth. A pandemia expõe as desigualdades existentes e causam um impacto desproporcional.
Emprego e Furlough
A crise de empregos da Covid-19 teve um impacto negativo sobre os beneficiários da IRMO no início na pandemia. Além disso, os resultados qualitativos mostram que o emprego de direitos básico foram violados durante a crise, aponta a IRMO.
Em meados de maio, 49% dos entrevistados estavam desempregados. 35% haviam sido despedidos ou dispensados e 14% não estavam trabalhando devido à Covid-19. Alguns pararam de trabalhar para assumir responsabilidades de cuidar de crianças.
77% não puderam trabalhar a partir de casa, já que a maioria dos entrevistados trabalha no setores de hospitalidade, limpeza e construção – mais duramente atingidos. O aumento da insegurança no trabalho foi agravado pelo duplo medo da perda de emprego e do risco de contágio e/ou morte. Dos 14% dos entrevistados que estavam trabalhando, a maioria era trabalhadores “essenciais”.
31% relataram estarem no programa de Furlough. O programa do governo, que protegeu milhões de empregos em todo o Reino Unido, teve alcance limitado na comunidade latino-americana que, na maioria das vezes, está em situação de baixa renda e pobreza no trabalho. Muitos dos entrevistados tinham mais de uma ocupação e não foram beneficiados pelo programa em todos os empregos. Esta constatação tem implicações práticas para a classificação do status da licença.
Para saber mais, acesse irmo.org.uk.
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