Brasileira lança livro sobre saudade entre crianças expatriadas

Da Redação

A publicitária Thais Braga, carioca a residir em Londres há cinco anos, vai lançar na Europa o seu livro infantil “A carta que transportava saudade”, uma produção independente que traz um tema comum aos expatriados: a falta dos entes queridos.

A autora Thais Braga.

Mãe da Aurora e autora de um blog sobre maternidade que, somando todas as plataformas, conta com mais de 170 mil seguidores, Thais fez no Brasil uma campanha para financiar a publicação do livro e conseguiu atingir a meta de R$ 7,5 mil (aproximadamente £ 1 mil) em apenas uma semana. “Estou conversando com uma agente literária para analisar todas as possibilidades”, explica sobre o lançamento por aqui.

O livro, que tem ilustrações de Carol Cunha, foi produzido e motivado por um episódio ocorrido durante a pandemia, mas a edição que Thais lançará aqui será modificada. “A história será focada para crianças expatriadas que convivem com as saudades em tempo integral, não apenas pelo isolamento social, mas pela distância geográfica”, conta Thais.

No website do projeto, ela explica o enredo: “A personagem principal é uma menina que sente falta dos avós e que, para amenizar as saudades, faz um desenho em formato de carta para enviar por correio. Sua mãe promete postá-la, mas com a vida corrida, o envelope fica esquecido na prateleira da sala ‘acumulando’ saudades. No final, a mãe entende que a carta representa muito mais que um simples desenho e precisa ser transportada para que a menina se sinta ouvida”.

Aos interessados em comprar um exemplar, a autora pede paciência. “Nesse momento, dá para mandar um e-mail (maezonaemail@gmail.com) e deixar o nome na lista de interesse. Quando estiver à venda, avisarei a todos.”

Por e-mail, Thais explicou mais sobre o livro.

Aurora, filha de Thais, com o livro que ajudou a conceber.

Notícias em Português – Como nasceu a ideia de escrever as cartas que deram origem ao livro?

Thais Braga – Na Inglaterra há essa cultura de enviar cartas, eu acho humano e inspirador, bem mais sensível do que enviar um e-mail. Como estamos em um período muito complicado, vivendo uma pandemia e suas restrições – e aqui em casa seguimos à risca o isolamento – minha filha tem sentindo bastante saudade dos amigos e família no Brasil. Portanto, começamos a escrever cartas que acompanhavam ilustrações para amenizar essa falta. Sempre buscamos usar a arte como ferramenta de expressão.

Sua filha participou da elaboração do livro?

Aurora, de cinco anos, foi minha maior inspiração. Ela é a menina saudosa do livro, personagem principal (além da minha menina interior que também morre de saudades)! Acompanha todas as etapas de produção e vibra comigo em todas as vitórias. Quando o livro saiu na revista Época no Brasil, ela ficou muito animada. Também fez uma ilustração que estará na carta enviada aos avós no livro. E, o mais importante, ela entende quando preciso focar no desenvolvimento do projeto e me afastar um pouco. Então, sim, ela participou de todas as formas.

Além de escrever cartas, o que mais sugere para ajudar as crianças a superar a saudade?

Fiz duas lives no meu perfil do Instagram (@maezonanoinsta) sobre isso, com duas psicólogas renomadas e que confio de olhos fechados, Mariana Simonaci (@mariana.simonaci.psi) e Nanda Perim (@psimamaa). Falamos tantas coisas bacanas, mas o que se destacou para mim foi a importância de ouvirmos nossas crianças. Criar oportunidades para elas se expressarem e se sentirem percebidas. Passar por tudo isso que estamos vivendo é muito marcante na vida delas, mas o maior problema é quando as crianças não podem elaborar o que estão sentindo por ainda não possuírem maturidade emocional. A partir disso que se cria o trauma. Então, como adultos, precisamos ajudá-las nesse processo.

Por que se mudou para Londres?

Meu marido foi convidado para trabalhar aqui e não pensamos duas vezes. Eu amo essa cidade.

Pensa em voltar para o Brasil?

Não, apesar da saudade nossa vida é aqui agora e lutamos muito para conquistar nossa residência. Sempre tendo em vista um futuro melhor para nossa filha, uma vida mais tranquila, justa e com mais oportunidades. Infelizmente, o Brasil não pode proporcionar isso nesse momento.

O que mais gosta na vida na Inglaterra e o que menos gosta?

Eu amo a diversidade que vivemos aqui, o mix de culturas e valores, tudo que acompanha essa experiência. Acredito que temos a oportunidade de conviver com essa diferença e isso traga um ensinamento enorme sobre aceitação e respeito ao próximo. A segurança é outro fator de peso.

O que menos gosto é justamente a saudade! A distância da família e dos amigos que ficaram no Brasil.

Como ajudar os filhos pequenos a manter laços de afeto com amigos e familiares do Brasil?

Eu acredito que precisamos manter nossa cultura viva. Ouvir músicas de lá, ler livros em português, falar em nossa língua materna. Outro dia vi um vídeo esclarecedor da Renata Formoso (@nocaminhoeuteexplico). Ela dá muitas dicas sobre como manter o português na rotina dos pequenos e como isso é uma importante ferramenta de conexão com a família no Brasil. Ela, inclusive, também escreveu um livro infantil que incentiva nossos filhos a manterem o português com essa finalidade.

Pensa em fazer lançamento quando o confinamento acabar?

Com certeza! Quando tudo isso tudo passar pretendo fazer encontros com as mães em parques e bibliotecas para que possamos falar sobre as saudades e também cultivar nossa cultura. A primeira edição do livro sairá agora no Brasil, em abril, e estou em negociação com uma editora daqui para tentar lançar na Europa o mais rápido possível. Esta segunda edição, que será lançada aqui fora, terá uma pequena adaptação na história. Será focada para crianças expatriadas que convivem com as saudades em tempo integral, não apenas pelo isolamento social, mas pela distância geográfica.

Para saber mais sobre o projeto, acesse: www.catarse.me/maezona.

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