O mundo deve lutar contra todas as formas de discriminação e injustiça para resgatar o verdadeiro significado de estar “woke”.

Foto: Kerem YUCEL / AFP
No sábado, 5 de abril de 2025, milhares de americanos expressaram sua insatisfação com a administração do presidente Donald Trump ao participarem das manifestações “Hands Off!”. Essas manifestações ocorreram em mais de 1.300 locais, abrangendo todos os 50 estados dos EUA e várias cidades internacionais, incluindo Paris, Londres e Berlim. The Verge
Organizadas por mais de 150 grupos, como organizações de direitos civis, sindicatos, defensores da comunidade LGBTQ+ e ativistas eleitorais, as manifestações foram amplamente pacíficas, sem registros imediatos de prisões.
Os participantes expressaram preocupações sobre diversas políticas implementadas pela administração Trump, incluindo cortes em serviços públicos essenciais, aumento de tarifas comerciais prejudiciais à classe trabalhadora e a influência de Elon Musk, mentor do presidente, nas decisões governamentais. Em Washington, D.C., mais de 20.000 pessoas se reuniram perto do Monumento a Washington, representando cerca de 150 grupos ativistas, para protestar contra o que consideram uma concentração excessiva de poder nas mãos de bilionários e um ataque à democracia americana. Reuters
As manifestações refletem um descontentamento generalizado com a direção política do país e destacam a crescente polarização política nos EUA. Apesar da magnitude dos protestos, que foram os maiores desde o retorno de Trump à presidência em janeiro, as manifestações permaneceram em grande parte pacíficas, sem registros significativos de confrontos ou prisões. Vanity Fair
Esses eventos também tiveram repercussão internacional, com protestos em cidades como Londres e Berlim, evidenciando a preocupação global com as políticas americanas.

Em resposta, a Casa Branca reafirmou o compromisso do presidente com a proteção das redes de segurança social, ao mesmo tempo em que acusou os democratas de comprometerem esses programas ao estenderem benefícios a imigrantes indocumentados.
Lembramdi que Donald Trump, em sua campanha política, utilizou a palavra “woke” como um dos principais elementos para articular suas ideias e mensagens. O termo, que originalmente se referia à consciência social e à luta contra injustiças, foi apropriado por Trump e seus aliados para criticar movimentos progressistas e ações relacionadas à diversidade e inclusão. A seu ver, o “woke” representava uma forma de excessiva correção política e ideologias que, segundo ele, ameaçavam os valores tradicionais americanos.
Essa estratégia retórica visava mobilizar eleitores que se sentiam ameaçados por mudanças sociais rápidas, gerando um sentimento de resistência contra o que consideravam uma cultura “woke”. Assim, o uso da palavra tornou-se um elemento central na narrativa de Trump, servindo tanto para galvanizar sua base de apoio quanto para polarizar o debate político, trazendo à tona questões sobre identidade, liberdade de expressão e o futuro do conservadorismo nos Estados Unidos.
O termo “woke” como uma expressão simboliza a consciência e a vigilância em relação às injustiças raciais. Sua origem remonta ao contexto de luta por direitos civis, onde estar “woke” significava estar atento às desigualdades e opressões enfrentadas pela população negra. Esse estado de alerta busca não só reconhecer as injustiças, mas também mobilizar a sociedade para combatê-las.
Elijah Watson, editor de notícias e cultura do website de música Okayplayer, destaca que muitos atribuem a criação do termo ao romancista William Melvin Kelley (1937-2017). Acredita-se que Kelley utilizou a palavra em seus escritos, capturando a essência do que significa estar consciente das realidades sociais e políticas que afetam a comunidade afro-americana. Essa referência literária remonta à década de 60, quando a luta pelos direitos civis estava em pleno vigor.
Recentemente o jornalista Goldberg Jeffrey foi incluído num grupo de troca de mensagens com o alto escalão do governo americano durante o planejamento de um ataque ao Iêmenrevelou uma série de conversas confidenciais entre membros da administração americana. Segundo Goldberg, um usuário chamado Mike Waltz o adicionou a um chat no Signal, onde planos militares sensíveis e críticas contundentes à Europa tornaram-se o foco da discussão.

Jornalista Goldberg Jeffrey
As informações vazadas incluíam detalhes sobre ataques planejados dos Estados Unidos no Iémen, que despertaram preocupações sobre a proteção de dados críticos que poderiam comprometer operações futuras. O Secretário da Defesa, Pete Hegseth, foi citado criticando o que chamou de “parasitismo europeu”, afirmando que os esforços americanos beneficiariam mais a Europa do que aos próprios Estados Unidos. Essas acusações lançam uma sombra sobre relações diplomáticas já frágeis e revelam a complexidade das alianças internacionais.
Por outro lado, o vice-presidente JD Vance expressou seu desdém pela situação, perguntando sobre a necessidade de agir rapidamente em relação à Europa. A combinação de comentários polêmicos e informações extremamente sensíveis levanta questões éticas e legais sobre a privacidade e a segurança das comunicações governamentais.
A situação não apenas expõe a fragilidade da segurança nacional americana, mas também ilustra os perigos das plataformas de comunicação modernas, onde informações sensíveis podem facilmente escorregar para as mãos erradas. Waltz, ao se manifestar, reconhece a gravidade do que ocorreu, deixando claro que, em tempos onde a confiança é essencial, a transparência e a responsabilidade na comunicação são mais necessárias do que nunca.
Já o mercado financeiro e o comércio global enfrentam períodos de incerteza e descontentamento após a declaração de Donald Trump sobre o “Dia da Libertação” americana em 2 de abril. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou que medidas de retaliação serão tomadas em resposta a essa situação. Essa tensão pode impactar as relações comerciais e a economia mundial, gerando preocupações sobre a estabilidade financeira e a cooperação internacional.
O deputado federal e bolsonarista Filipe Barros (PL-PR) declarou que as tarifas não deveriam surpreender o governo, pois já eram esperadas. “É preciso relembrar que a taxação que hora é colocada ao Brasil, um dos fatores que foram levados em consideração é a péssima relação ou a relação inexistente do governo brasileiro com o governo norte-americano”, afirma. Ele também acrescenta que o Brasil não está falando de reciprocidade com os Estados Unidos, “até porque o Brasil taxa mais os Estados Unidos do que os Estados Unidos taxam o Brasil”. (CNN)
A reação do Brasil pode influenciar outros países a adotarem posturas semelhantes, intensificando a volatilidade nos mercados. O cenário atual exige atenção e estratégias para mitigar os riscos associados a esse clima de instabilidade.