O assedio!
Para além de rugas e flacidez, a maturidade nos traz sabores especiais. Aprendemos a contornar situações que nos proporcionam uma grande sensação de orgulho de nós próprios, e evitamos outras que, noutra altura da vida, nos causariam danos irreversíveis.
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Saber lidar com o assédio é uma questão extremamente importante! Mesmo porque, quando uma mulher fala que foi assediada se o interlocutor não a conhece bem, tende a pensar: “ela se acha”, ou, “deve ter dado corda para o cidadão agora quer pular fora”, ou ainda, quando vê assim, o homem não gostou do jeito dela e ela tá achando que ele estava afim”, “também com as roupas devassas que usa…”… todas as coisas passam pela cabeça da pessoa, menos a realidade.
Uma ouvinte do meu programa de rádio, me enviou um e-mail relatando que o seu sobrinho foi parar atrás das grades porque atirou um copo com água na cara de um truculento prefeito de uma cidade do interior cujo povo nem percebia que vivia num regime de coronelismo. Durante um congresso, o tal político, já embriagado, sugeriu que ela fosse dormir com ele e a jovem que o acompanhava.
Sem pensar nas consequências, imediatamente ela levantou-se da mesa, atirou a água no rosto dele e disse-lhe para convidar a sua mãe para o bacanal. Outra amiga foi trabalhar com um advogado. Um homem rico, bonito e de boa família, mas era um desses sujeitos que se sentia no direito de dormir com todas as mulheres que ele aprovava, e passar despercebido por ela foi uma grave ofensa para o vaidoso Dom Juan. Afinal, se ela estava solteira e sozinha, porque não se deitar com ele que era objeto de desejo de toda mulher? Ao menos daquelas que não o conhecia.
Durante ela anos amargou uma perseguição digna de filme de suspense. Somente quando ele se envolveu de fato com outra mulher, deu trégua, e ela pôde respirar aliviada. Outra amiga se viu em sarrilhos, sem qualquer motivo aparente, pelo simples fato de ter estreitado laços de amizade com um colega de trabalho que ela achava muito divertido.
Ela até pensou na possibilidade de curtir um affair com ele, mas imediatamente percebeu que o cidadão, estava anos luz distante daquilo que ela esperava encontrar num homem. Para a sorte dela, ele quebrou o encantamento antes da desilusão maior. Se arrepender por deitar-se com alguém, seguramente, deve ser um dos maiores remorsos de uma mulher! Ao perceber que que ela não queria nada com ele, além de uma simples amizade, o tal cidadão tratou de denegrir a sua imagem de todas as formas. Até mesmo aquilo que ele já havia divulgado como requisitos interessantes para promovê-la junto aos amigos, passou a ser motivo para difamar o nome dela.
O vestido que ficava bem, porque ela tinha um corpo bonito, passou a ser devasso para alguém da sua idade. A dedicação ao trabalho que ele admirava e tanto divulgou, passou a ser “uma workaholic ambiciosa e egoísta”. O problema é que tendemos a dar mais importância as coisas ruins que ouvimos sobre as pessoas, do que as coisas boas. Normalmente pomos o pé atrás, quando conhecemos alguém que vem com uma carga negativa associada a sua imagem.
Ninguém quer saber se são informações infundadas disseminadas por uma pessoa egocêntrica que não aceita “não” como resposta. Elas compram a informação e entram na cúpula dos juízes para dar condenação Mas quando é uma mulher a falar mal de um homem, todos pensam logo que é dor de cotovelo ou orgulho ferido. É uma coisa ancestral que o homem tem a seu favor para punir mulheres que dizem lhes “não”. E assim, com ou sem sabedoria, seguimos tentando administrar situação como essas. Metida numa saia justa desse tipo, a vontade que nos dá, é descer do salto e aplicar uma *bênção na boca do estômago do sujeito. De preferência após ele consumir, no lugar de uma salada nutritiva, uma feijoada salgada e gordurosa.
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Talvez assim ele possa experimentar a sensação de estômago revirado por conta de assédio. Quem sabe dessa maneira, enquanto a sabedoria da menopausa não chega, uma jovem, ao invés de conter os arroubos da juventude, possa ter uma resposta à altura quando acontecer de comer lebre por gato.
(*Benção: golpe de Capoeira)
Por: Marta Vieira