Eleições em UK: conheça Diogo Costa, candidato português a councillor por Oval, Londres

Dia 05/05 tem eleições locais na Inglaterra. Diferente de Escócia e País de Gales, por aqui só votam os residentes permanentes ou nacionalizados. São 13 os candidatos de origem latino-americana e apenas três falantes de português tentando uma vaga de councillor em seus Boroughs.

Entre os candidatos em campanha, há dois portugueses: Tiago Corais, do Partido Trabalhista em Littlemore nas eleições locais de Oxford, e Diogo Costa, um engenheiro de software que tenta uma vaga no council de Oval. Ele também está no Labour Party. Diogo já foi Mayor da juventude de Lambeth.

A reportagem de Notícias em Português procurou os candidatos e os convidou a responder cinco perguntas. A seguir, as respostas de Diogo Costa.

“Os falantes de português são resilientes, ativos e trabalhadores. No entanto existem barreiras que ainda isolam muita gente”, diz o português Diogo Costa

Diogo Costa, Oval, Londres

Notícias em Português – Por que resolveu candidatar-se?

Diogo Costa – Eu e Câmara Municipal de Lambeth sempre sentimos a falta de representação lusófona na gestão do município. No sentido de inverter esta situação e devido à minha atividade política no seio da autarquia desde jovem, fui encorajado a candidatar-me pela própria edilidade, por amigos britânicos e portugueses.

Qual a principal necessidade de sua comunidade e que será sua prioridade de trabalho?

Os falantes de português são resilientes, ativos e trabalhadores. No entanto existem barreiras que ainda isolam muita gente e as impedem de participarem plenamente na sociedade britânica. Ainda há muito a fazer ao nível do apoio social e encorajamento dos pais a aprenderem a língua inglesa. Isso promoverá a autoestima, mais confiança neles próprios e mais ambição para o futuro das suas crianças.

Realço aqui a grande vontade e desempenho da Câmara Municipal ao nível da provisão de professoras bilingues para as nossas crianças, nas escolas primárias deste município londrino.

Tenho também grande prazer em ter a biblioteca mais portuguesa do Reino Unido, a Tate Library em South Lambeth Road, na minha área de intervenção, à qual darei todo o apoio que puder. Esta biblioteca serve a nossa comunidade, onde é bem acolhida, tendo por isso sido visitada por elementos dos governos de Portugal desde há muito tempo.

A habitação da nossa comunidade é também um setor que me preocupa muito. O parque habitacional social está em crise e o privado também. As rendas na capital são proibitivas. Se for eleito, estas áreas, habituação e educação, serão centrais à minha intervenção política.

Como a sua experiência profissional e de vida pode influenciar a sua gestão?

Nasci e cresci em Lambeth. Os meus pais são emigrantes e bons trabalhadores. Portanto, conheço os problemas que a maioria da minha comunidade enfrenta. Tendo vivido aqui no seio do Pequeno Portugal de Londres, frequentado a escola primária, secundária e a universidade, eu próprio passei por esses problemas todos.

Em 2015 fui encorajado pelo meu professor de Política e Administração Pública a candidatar-me a Mayor da Juventude de Lambeth. Uma grande parte do meu desempenho consistiu em representar os jovens na Câmara Municipal e também em os apoiar na realização dos seus sonhos e ambições.

Depois do mandato, ingressei na universidade, segui a minha paixão, ciências da computação, e licenciei-me em engenheiro de programação. Trabalho há algum tempo neste ramo e acredito que esta formação me faculta uma visão própria dos desafios que surgem, e uma abordagem particular na solução dos mesmos.

Qual será seu grande desafio?

O meu grande desafio será atingir os objetivos acima referidos, os quais consistem em agir em prol da nossa comunidade e também de todos os cidadãos da área de Oval onde sou candidato. Se conseguir estabelecer uma plataforma central de apoio à comunidade, isso seria um ótimo legado para o futuro. Tenho também de fazer frente ao Partido Tory no governo em Westminster, o qual muito tem denigrido e injustiçado de modo explícito as comunidades migrantes.

Qual a importância de representatividade da comunidade falante de português na política inglesa?

A Câmara Municipal de Lambeth tem o mérito de promover a representação lusófona. Querem-nos lá dentro a representar os nossos compatriotas, a expor os nossos desejos e decidir em conjunto, no lugar certo, as melhores soluções aos nossos problemas específicos.

Seja, sem voz no município, não somos ouvidos, desconhecem os nossos problemas e, por conseguinte, será difícil de os resolver.

Isto é o que se chama democracia em ação, os cidadãos dentro do governo local a gerir os assuntos que dizem respeito à coletividade. Mais direi, não terei salário por esta posição, tenho a minha profissão e o meu emprego na sociedade civil.

O que fazem os Councils?

Councils são a primeira camada do governo local e são órgãos estatutários. Eles servem ao eleitorado, são eleitos independentemente e estabelecem seu próprio preceito (uma forma de imposto do conselho).

Existem 10.000 conselhos locais na Inglaterra com mais de 30% do país paroquial e 100.000 conselheiros servindo nesses órgãos locais. Em muitas partes da Inglaterra existem níveis de governo local: County Councils.

Os conselhos, distritos e municípios cobrem uma área menor do que os Conselhos Municipais. Eles são geralmente responsáveis por serviços tais como: coleta de resíduos, reciclagem, cobrança do Imposto Municipal, habitação, aplicações de planejamento.

Em Londres e áreas metropolitanas, alguns serviços, tais como combate ao incêndio, polícia e transporte público, são prestados através de “autoridades conjuntas” (em Londres, pela Greater London Authority).

Leia também:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *