O ventre

Por Lyllian Braganca*

No 25 de maio é comemorado o Dia da África, que não é um dia festa, mas de reflexão, daquilo que é o continente para nós, enquanto diáspora. E uma companheira de Guiné Bissau, Naentrem Sanca, nos trouxe um pensamento sobre essa fala: a África é mãe, é ventre. E hoje é sobre o ventre das mulheres do Carnaval que vamos falar.

Sabendo que para o sambista o pavilhão é seu bem maior, e não somente um pedaço de pano, que habitualmente quem desconhece coloca. Contudo, é nele que está a simbologia de sua construção histórica, que é a concepção de uma agremiação. Não obstante, para essa analogia, sabemos que quem carrega o pavilhão são as mulheres, o ventre, aquela que dá a vida é quem conduz com maestria o ícone da escola de samba.

E quando penso numa porta – bandeira, penso no amor que ela carrega. Eu tive oportunidade de ver algumas delas, talvez, o momento mais emblemático seja a passagem do pavilhão pelas mãos da Sônia Maria para Adriana Gomes. Não só pela grandiosidade do momento, mas porque sua mãe, Gilsa Maria, também uma porta – bandeira maravilhosa, lhe ensinara o caminho.

Então, quando olho aquelas mulheres aguerridas, que transformaram e transformam o amor em dança, passando de geração para geração, vemos a importância que tem o pavilhão. Vivi Martins com o projeto Cisne do Amanhã, em parceria com Mestre Gabi, são também a narrativa de uma continuidade. Sem contar a AMESPBESP que há 25 anos projeta nossas crianças, dando a elas perspectiva de uma vida melhor. Juntando a eles estão as mais novas referências, como Paula Penteado, Ana Paula Reis, Monalisa Carmo, Karina Zamparolli.

Não obstante, para aquelas que são história, como Lidia Aparecida, Simone Gome, Eneidir Gomes, Dely Conrado, Rúbia Angélica, e Dona China, essa que não está mais entre nós, mas que é o símbolo de um elo que não se quebra. A propósito, assistam ao filme Ôrí, de Raquel Gerber, com roteiro de Beatriz Nascimento. Lá, além de ter o bailado de Dona China, poderão ver também Dona Olímpia, e entender os signos: África, Brasil e ventre (nascimento).

Sigo agradecendo quem abriu caminho! Laroyê!

Na foto, Dona China.

* Lyllian Braganca é jornalista, sambista, fundadora do Coletivo Samba Quilomba e faz parte do team do Samba de Bamba UK. Instagram: @sambadebamba_uk Facebook / Samba de Bamba UK / Youtube: Samba de Bamba UK

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