Você sabe como se dá a transformação de uma joaninha?
E você pensa que essa transformação ocorre “magicamente” de modo simples e leve? Claro que não. Elas passam por uma metamorphosis [de origem grega, mudança (=meta) da forma (=morpho)], que é o processo de mudança na forma e estrutura corporal, para completar o seu desenvolvimento. E outros animais também passam por isso, um deles é a borboleta que já conhecemos muito, outro somos nós.
Quando um inseto apresenta metamorfose completa, é chamado de holometábolo; quando apresenta metamorfose incompleta, é chamado de hemimetábolo. Como nós, há aqueles que mudam radicalmente, e outros que não, como os gafanhotos, por exemplo. Portanto, a transformação que se dá desde os ovos até a fase adulta não é simples. Nem para nós, que, apesar de não provirmos de ovos, somos também animais.
Podemos estabelecer uma comparação entre esses animais e as pessoas, ou não? Desde bebê à fase adulta, modificamo-nos de diversas maneiras. Para alguns, a mudança de vida, hábitos, pensamentos, ou seja, de seu “modus operandi”, não se dá de maneira TÃO dolorida, às vezes parecendo até fácil para alguém que olhe de fora, que não está vivendo aquele processo ou ciclo. Mas para outros a situação complica, pois numa das fases de se “esticar” (crescer) e “romper sua pele” (amadurecer), como a joaninha, podemos nos machucar e sentir bastante dor.
MAS VALERÁ A PENA AMADURECER?
Quando a pele da pupa se abre, daí sim surge o inseto adulto. E você pensa que já está tudo bem? Basta ir para o mundo pronta? Não mesmo! Quando a joaninha sai da pupa, quando passa por essa transformação, ela é ainda meio mole e rosada, ou seja, ela não tem aquela proteçãozinha de sua carapaça final e é preciso tomar cuidado para não se ferir tanto. Precisamos também ter cuidado com a vulnerabilidade a que somos expostos na mudança. Importa cuidar de nós para um amadurecimento saudável, assim precisamos de um ambiente (interno e externo) que vá propiciar nosso crescimento.
Existem mais de 5 mil espécies de joaninhas diferentes entre si em padrões de cores e pintas na carapaça. Em geral há as que comem pulgões e outros animaizinhos, e as que se alimentam somente de vegetais, pólen, entre outros quitutes, como nós: somos muito diferentes também e precisamos de nutrição. Porém, nossa nutrição deriva não só dos alimentos que ingerimos, mas do que pode nos alimentar a mente, os sonhos, a fé e a esperança.
ENTÃO, NÃO PENSE QUE É SIMPLES SE TRANSFORMAR, POIS NÃO É SIMPLES PARA NINGUÉM! Até para os que você olha e só vê onde a pessoa chegou, ou como ela está hoje. Embora nesse momento atual, no “hoje”, alguns digam que “foi mole” para vender sua experiência, como se todos que seguissem sua receita também “chegassem” no mesmo lugar. Estamos em constante aprendizado e “O” lugar nunca chega.
MAS INSISTA E INVISTA NA SUA TRANSFORMAÇÃO, porque “Sempre vale a pena, se a alma não é pequena”, como disse o maravilhoso Fernando Pessoa.
Então, cito aqui ALGUMAS SITUAÇÕES QUE PODEM AJUDAR A GERAR MUDANÇA:
PRIMEIRA: é necessária a percepção de que preciso iniciar uma mudança porque estou insatisfeitocomigo ou minha vida (geralmente começa assim);
SEGUNDA: saber que não tem mágica nem receita de bolo, mesmo que se tenha “o como fazer”, até um bolo sola;
TERCEIRA: entender que há um verdadeiro esforço, que o caminho do outro só ele percorreu, e nem todos vão conseguir encontrar resultados semelhantes como o outro conseguiu, somos totalmente diferentes e únicos;
QUARTA: compreender que algumas condições (ambiente nutridor) são necessárias para que ocorra a transformação e que elas são totalmente distintas para cada um de nós (questões como onde nasci, com quem vivi e como está minha vida hoje, podem influenciar nisso) e respeitar isso e o seu tempo;
QUINTA: sentir que uma transformação é gradual e cíclica. Não é a mera mudança de A para B, é algo de dentro para fora e de fora para dentro, que exige esforço e constância (persistência). Você vai passar por altos e baixos, e isso é da vida.
Portanto, vamos nos olhar com mais carinho e menos cobranças.
Obs.: Além da joaninha ser, desde minha infância, meu inseto preferido, minha neta também recebeu este nome. Ela é o motivo de minha inspiração constante.
Espero que este texto tenha contribuído para ajudar você. Bora compartilhar com seu amigo ou sua amiga que tá precisando?
*Janice Mansur é escritora, poeta professora, revisora de tradução,
criadora de conteúdo e psicanalista (atendendo online).