Partido Trabalhista vence eleições no Reino Unido e indicam novo primeiro ministro
05 julho 2024 às 09h05
Resultados parciais mostram que a sigla conseguir 411 das 650 cadeiras do parlamento britânico

Keir Starmer l Foto Christopher Furlong/Getty Images.
Resultados parciais das eleições do Reino Unido revelam que o Partido Trabalhista, de centro-esquerda, conseguiu 411 das 650 cadeiras no parlamento britânico, conseguindo assim eleger um primeiro-ministro de oposição ao gestor anterior, que é de partido conservador. Ao encerramento oficial das eleições, Keir Starmer (antiga oposição) deve assumir o mais alto cargo do legislativo do país no lugar de Rishi Sunak.
Os britânicos não elegem seu primeiro-ministro pelo voto direto. Os eleitores votam em distritos, elegendo seus representantes para a House of Commons (equivalente à Câmara dos Deputados), e então os parlamentares decidem quem será o líder da Casa. As urnas foram fechadas às 22h da última quinta-feira, 4, e os resultados parciais já começaram a ser divulgados. Até a última atualização desta matéria, eram 411 assentos para o Partido Trabalhista (que precisava de 326 cadeiras para eleger o primeiro ministro).
Resultados parciais mostram que o partido conservador conseguiu eleger 119 deputados, atingindo o pior resultado da história da sigla e deixando a liderança do parlamento após 14 anos. Os liberais democratas elegeram 71 deputados, ficando em terceiro lugar, conseguindo crescimento impressionante de 63 cadeiras se comparado ao pleito anterior. O Partido Nacional Escocês conseguiu 9 assentos, o Sinn Fein 7, o partido Reform UK elegeu 4 parlamentares, e outros partidos menores conseguiram, juntos, 24 assentos no parlamento. Ainda faltam cinco assentos a serem decididos.
O pleito deveria acontecer, originalmente, apenas no segundo semestre, mas o então primeiro ministro decidiu antecipar as eleições em maio após dissolver o parlamento.
Após os resultados
“Em todo o nosso país, as pessoas vão acordar com a notícia, aliviadas por terem finalmente retirado um fardo, um peso dos ombros, desta grande nação”, afirmou o Keir Starmer após divulgação dos resultados parciais. Seu antigo rival, Rishi Sunak, reconheceu a derrota, se desculpou com seus eleitores, e parabenizou o futuro primeiro-ministro. “O povo britânico emitiu um veredicto preocupante esta noite. Há muito para aprender e refletir. E assumo a responsabilidade pela derrota”, afirmou em pronunciamento.
Os eleitores
Instituições britânicas de pesquisas eleitorais revelam que saúde e educação foram as maiores preocupações dos eleitores no pleito deste ano. Com uma fila crescente no sistema público de saúde (NHS), os eleitores se sentiram mais atraídos pelas promessas de campanha dos trabalhistas, que trouxeram a redução das filas como foco da próxima gestão.
Após o Brexit (separação do Reino Unido da União Europeia), em 2016, a economia se tornou campo incerto para os britânicos. A promessa dos conservadores era que, após a separação, o país poderia fechar acordos mais livremente, sem amarras. Na realidade, o Brexit representou um aumento no custo de vida, maior burocracia, e fuga de parte da mão de obra do país.
Desde 2022, houve greves recorrentes de várias categorias, com resultados pouco satisfatórios para os sindicatos. O Reino Unido sofre com vagas de emprego não preenchidas. Em 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) britânico cresceu 1,6%, de acordo com dados oficiais, e, em 2023, o crescimento foi de 0,1%.
Keir Starmer
Após cerimônia com permissão simbólica do Rei Charles 3°, Keir Starmer vai ocupar a posição de primeiro-ministro. Starmer tem 61 anos e foi procurador-geral da Inglaterra e do País de Gales. É filho de uma enfermeira com um operário. Foi eleito deputado em 2015 e cinco anos depois assumiu a liderança no Partido Trabalhista. Em sua campanha, estabeleceu seis focos de atuação: estabilidade econômica, redução da espera no NHS, reforço da polícia, nova política energética, abertura de cargos para professores e criação de um centro de comando para a segurança das fronteiras.
Com o passar do tempo pode-se perceber uma maior aproximação com o Centro e perda de fôlego de algumas pautas ligadas à questão ambiental.