Crise energética nos países da comunidade europeia, será o Brasil pode ser a solução?

Especialistas estão alertando os países da Comunidade Europeia sobre a crescente crise de energia renovável e estão fazendo um apelo à Comissão Europeia e aos líderes políticos para que estabeleçam um gabinete estratégico focado na preparação para a próxima crise energética. Em uma conferência de imprensa, Karen Pittel, pesquisadora do Instituto ifo (Instituto Leibniz de Pesquisa Econômica da Universidade de Munique), revelou a importância desse enfoque. Pittel é uma das autoras do estudo “Watts Next: Securing Europe’s Energy and Competitiveness, Where the EU’s Energy Policy Should Go Now”, publicado recentemente.

Os pesquisadores internacionais no campo da economia estão defendendo a criação de um gabinete semelhante ao estabelecido em Singapura e Taiwan, este último focado em questões de saúde. De acordo com os especialistas, essa abordagem provou ser eficaz em Taiwan durante a pandemia de covid-19, permitindo ao país estar bem preparado. Julio Saavedra, também do Instituto ifo, apontou que, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, houve surpresa, embora sinais indicativos já existissem há alguns anos.

Os autores do estudo acreditam que essa nova entidade europeia deveria ser capaz de antecipar não apenas crises energéticas, mas também ciberataques e outras ameaças geopolíticas.

“É uma solução que não custa muito dinheiro e pode ser implementada. Não deveríamos ser pegos de surpresa como ocorreu em 2022”, acrescentou Saavedra.

Karen Pittel sugeriu que, durante uma crise, todos falam sobre aumentar a segurança e estar preparados a longo prazo, mas após um ou dois anos, a atenção diminui. Ela destacou a importância de um processo contínuo e sugeriu que um gabinete criado com esse propósito poderia ajudar a entender quanto investir na segurança em diferentes áreas.

A cooperação entre os países da UE é vista como crucial para lidar eficazmente com esses desafios energéticos. Isso envolveria a coordenação de estratégias de energia, o compartilhamento de recursos e conhecimentos, e o desenvolvimento de medidas conjuntas para promover a segurança energética e a sustentabilidade ambiental.

Os especialista destacam a importância de uma abordagem proativa e preventiva, em vez de reativa, na gestão da crise energética. Isso inclui a identificação precoce de potenciais vulnerabilidades no fornecimento de energia, a implementação de medidas de mitigação de riscos e a diversificação das fontes de energia.

O Brasil no contexto da crise

O Brasil pode ser um aliado significativo para os países da União Europeia na resolução da crise energética devido ao seu vasto potencial em energia renovável, especialmente através da hidroeletricidade, energia solar e eólica. A experiência brasileira e sua tecnologia nesse campo podem ser valiosas para a UE, contribuindo para a diversificação das fontes de energia e redução da dependência de combustíveis fósseis.

A cooperação bilateral entre o Brasil e a UE, através de acordos comerciais, investimentos conjuntos e intercâmbio de conhecimentos, pode fortalecer a segurança energética e promover a sustentabilidade ambiental em ambas as regiões. No entanto, desafios como infraestrutura, regulação e políticas públicas precisariam ser abordados para garantir uma parceria eficaz.

Entretanto para que o Brasil possa

Para que o Brasil possa ser um parceiro eficaz da União Europeia (UE) na crise energética, algumas medidas e condições precisam ser consideradas:

  1. Investimentos em Infraestrutura: O Brasil deve continuar investindo em infraestrutura para expandir sua capacidade de produção e distribuição de energia renovável, como solar, eólica e hidrelétrica. Isso garantirá uma oferta confiável e sustentável de energia para suprir as demandas internas e potencialmente contribuir para as necessidades energéticas da UE.
  2. Políticas Energéticas Claras e Estáveis: O governo brasileiro precisa adotar políticas energéticas claras e estáveis, que incentivem investimentos em energia limpa e promovam um ambiente propício para o desenvolvimento de projetos de energia renovável. Isso inclui garantir transparência, segurança jurídica e estabilidade regulatória para os investidores.
  3. Desenvolvimento Tecnológico e Inovação: O Brasil deve continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias energéticas avançadas, visando aumentar a eficiência, reduzir os custos e promover a integração de fontes renováveis na matriz energética. A cooperação com instituições de pesquisa e empresas europeias pode facilitar o intercâmbio de conhecimento e a transferência de tecnologia.
  4. Compromisso com a Sustentabilidade Ambiental: O Brasil precisa reforçar seu compromisso com a sustentabilidade ambiental, adotando práticas responsáveis de uso da terra e conservação ambiental, especialmente em regiões sensíveis, como a Amazônia. Isso é importante para garantir a aceitação internacional e promover parcerias com países e blocos como a UE, que valorizam a proteção do meio ambiente.
  5. Cooperação e Diálogo Multilateral: O Brasil deve buscar uma maior integração e cooperação com a UE e outros parceiros internacionais no campo energético, participando ativamente de fóruns multilaterais, iniciativas e acordos que promovam a segurança energética, o desenvolvimento sustentável e a mitigação das mudanças climáticas.

É necessário um compromisso contínuo com o desenvolvimento de energia limpa, políticas claras e estáveis, investimentos em inovação e tecnologia, sustentabilidade ambiental e cooperação internacional. Esses elementos são essenciais para construir uma parceria sólida e mutuamente benéfica no campo da energia entre o Brasil e a União Europeia.

Fonte: Lusa

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