Brasileiro com cidadania israelense, Michael Nisenbaum saiu para buscar a neta e, após há 52 dias, continua refém do grupo Hamas

Após 52 dias de guerra, intensas negociações pelo cessar-fogo e uma trégua de uma semana para a libertação de prisioneiros, veículos militares israelenses retomaram os disparos no noroeste de Gaza minutos após o término da trégua, de acordo com relatos do Ministério do Interior controlado pelo Hamas. As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram o reinício das operações de combate contra o Hamas nesta sexta-feira (1º), encerrando uma semana de pausa nos bombardeios. Não foi estabelecido um novo acordo de trégua, resultando em relatos de ataques em Gaza pela manhã, com sirenes soando em Sderot, Israel.
Até as 7h desta manhã no horário local, nenhuma das principais partes envolvidas, incluindo Hamas, Catar, Israel, EUA ou Egito, se manifestou publicamente sobre o colapso nas negociações. Israel acusa o grupo radical islâmico de violar o acordo de trégua ao disparar um suposto míssil contra o país.
Enquanto isso, as negociações para a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza prosseguem, mesmo após o anúncio da retomada das operações de combate por parte das Forças de Defesa de Israel. O objetivo das negociações era estender a pausa de sete dias na guerra. Conforme um acordo prévio, o Hamas deveria propor uma oitava lista de reféns, incluindo 10 mulheres e crianças a serem libertadas nesta sexta-feira, em troca de um dia extra de trégua. Israel exigiu a libertação de mulheres e crianças como condição para continuar o processo de libertação de reféns.
Apesar do aviso de Israel sobre a retomada de operações militares em grande escala após a fase atual de libertação de reféns, autoridades dos EUA afirmam que as negociações continuarão independentemente da libertação dos reféns restantes. Por outro lado, Israel soltou 30 palestinos da prisão nesta quinta-feira (30), como parte dos desenvolvimentos recentes na região.
A Embaixada do Brasil, ao descobrir a presença de um brasileiro com cidadania israelense entre os reféns do Hamas, está tentando negociar com o grupo Hamas a libertação do técnico de informática Michael Nisenbaum. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a possível negociação nesta quinta-feira (30), oferecendo alguma esperança à irmã de Michael, de 59 anos, desaparecido desde os ataques do grupo terrorista no sul de Israel.
Michael, nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, e residente em Israel há 45 anos, desapareceu durante o ataque do Hamas em 7 de outubro, quando invadiram comunidades no sul do país, resultando em vítimas e reféns, marcando o pior ataque na história de Israel. Naquele dia, Michael havia saído para buscar a neta em uma base militar e levá-la a Ashkelon, cidade próxima a Gaza onde ela mora com os pais. O último contato com a família ocorreu às 6h57 com uma das filhas, sendo atendida por uma pessoa falando árabe e gritando “Hamas” nas ligações posteriores ao celular do pai.
- 6h57: Michel ligou para uma das filhas e contou que estava indo buscar a neta. A criança estava na base militar com o pai. A região fica próxima ao kibutz onde ocorreram as primeiras ofensivas do Hamas.
- 7h06: a filha telefonou para saber se o pai já havia chegado na base militar. Mas, Michel não atendeu às ligações.
- 7h23: uma pessoa não identificada atendeu um dos telefonemas de familiares e respondeu com as seguintes palavras: “Viva o Hamas”.
- A partir das 7h30: o telefone de Michel foi desligado e não recebeu mais ligações.
Fonte: Gustavo Zanfer, MJ Lee, Kareem El Damanhoury e Ibrahim Dahman, da CNN; e Alex Marquardt e Becky Anderson); Metropole