A arte de Eça de Queiroz.

Por: Sueli Lopes

EM 16 DE AGOSTO DE 1900, PARTIA O IMORTAL EÇA DE QUEIROZ

Quando Christopher vogler diz que o mundo precisa das histórias e das metáforas para entender melhor a própria vida e a sociedade, ele não está a exagerar! A sociedade lisboeta do século XIX tem seu retrato nas ficções deste imortal escritor, que também dedicou-se à diplomacia. Andar pelas ruas de Lisboa ou de Sintra é “se sentir” dentro dos livros ou filmes. Este artigo tem como objetivo expressar um pouco da vida de Eça de Queiroz, de sua obra e alguns locais condizentes. Os Maias também encantou o Brasil numa minissérie de tirar o fôlego, numa parceria entre a Rede Globo e a emissora portuguesa SIC.

Eça de Queiroz

Nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim, Portugal. Ele fez faculdade de Direito, exerceu a advocacia, atuou como cônsul e se tornou um dos mais famosos escritores portugueses. Devido à sua carreira diplomática, morou em Cuba, Inglaterra e França. Considerado um dos mais importantes escritores em língua portuguesa, Queiroz morreu em 16 de agosto de 1900, aos 54 anos, e foi sepultado em Lisboa.

Quais são as características da obra de Eça de Queiroz?

De maneira geral, suas obras abordam temas simples e do cotidiano, e estas estão “recheadas” de ironia, humor e, por vezes, de pessimismo e crítica social. Vale lembrar que o início do Realismo em Portugal esteve marcado pela publicação do seu primeiro livro, o romance O Crime do Padre Amaro, em 1875. Um romance anticlerical dos mais ferozes, que chocou a sociedade da época com sua denúncia da hipocrisia social e religiosa, retrata a realidade do personagem Amaro Vieira, um sacerdote por ‘imposição’ e de Amélia, uma menina de Leiria. O autor apresenta, na verdade, três obras que marcam o Realismo em Portugal, lançando assim, sua trilogia que é formada por O crime do Padre Amaro (já citado), O primo Basílio e Os Maias.

Qual é a principal crítica feita ao romantismo pela Obra O Primo Basílio?

A crítica de O Primo Basílio é contra toda a sociedade lisboeta, marcada pela ociosidade burguesa, a futilidade, a devassidão, a imoralidade, a hipocrisia social, a superficialidade nos relacionamentos, a falsidade e a arrogância que o dinheiro parece criar em certos indivíduos. Na foto, Marília Pêra representa a perversa Juliana, na minissérie da Rede globo

Parte de um roteiro para reviver Os Maias em Lisboa

Eça de Queiroz, na verdade, deixou Portugal em 1872, com menos de 30 anos, para seguir a carreira diplomática no exterior e a maior parte de suas obras foi escrita após essa fase, expressando as recordações que passou no país e memórias afetivas. Vamos a elas?

Lisboa é charmosa, é histórica e linda! É muito possível caminhar hoje por ela e encontrar vestígios do século XIX , aquela de Eça de Queiroz em Os Maias! Um roteiro sobre a obra inteira fica muito longo. Aqui vai uma parte.

 CASA RAMALHETE Rua São Francisco de Paula, Janelas Verdes (atual Rua Presidente Arriaga

Eça se inspirou nos palácios da Rua São Francisco de Paula, hoje Presidente Arriaga, próximo ao Museu Nacional de Arte Antiga. Alguns afirmam ser o atual “Palácio do Ramalhete”, onde hoje funciona um hotel e que já foi residência de Madonna. Aliiás, diga-se de passagem, caminhar pela “Rua das Janelas Verdes” é um dos passeios mais encantadores que se pode fazer em Lisboa! O atual Hotel As Janelas Verdes também diz ter sido residência de Eça de Queiroz e, inclusive, parte da obra Os Maias foi escrita lá. Na foto, os dois.

ESTAÇÃO SANTA APOLÓNIA Av. Infante D. Henrique

Maria Eduarda despede-se do leitor na Estação Santa Apolónia. Talvez aqui seja o local de uma das cenas mais inesquecíveis do livro: “É a última vez que o leitor tem contato com Maria Eduarda. Depois que ela descobre o incesto, é convidada a sair de Portugal. Essa, então, é a hora da despedida, em que ela aparece toda vestida de negro, com um véu no rosto.

CAFÉ TAVARES Rua de São Roque (atual Rua da Misericórdia, 37)

O Tavares foi frequentado por Eça de Queirós e ali acontecem algumas refeições descritas no livro.  Era também o “ponto de encontro” de quando Eça voltava a Portugal e reencontrava seus amigos. Alguns invejosos  começaram a suspeitar e maldizer as reuniões. Diziam que eles eram ‘vencidos da vida’. O autor ironizou a situação e o grupo ficou conhecido por esse nome. Pasme: até hoje é possível reservar a mesa frequentada por Eça de Queirós e os “Vencidos da Vida” no Restaurante Tavares.

Há muito mais o que dizer deste imortal escritor, quem sabe num outro artigo continuamos o roteiro?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *