Música e tolerância
Por: Marta Salles
Qual a importância do respeito e da tolerância na sociedade atual? À medida que as formas de comunicação se desenvolvem e se tornam mais acessíveis, parece haver uma dificuldade crescente em aceitar e compreender pontos de vista divergentes. Excluir alguém de sua lista de amigos apenas por causa de suas preferências políticas ou gostos musicais é realmente um exemplo de como a comunicação está falhando.
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A diversidade de opiniões e perspectivas é uma parte essencial de uma sociedade saudável e democrática. Não é realista esperar que todos concordem sobre todos os assuntos. O verdadeiro desafio está em aprender a conviver com pessoas que têm visões diferentes das nossas e encontrar maneiras construtivas de dialogar.
A empatia desempenha um papel fundamental nesse processo. É importante tentar compreender as motivações e experiências que moldaram as opiniões das outras pessoas, mesmo que você não concorde com elas. Isso não significa abandonar suas próprias convicções, mas sim cultivar um ambiente em que o respeito mútuo e o diálogo possam florescer.
A comunicação eficaz requer habilidades de escuta ativa e abertura para o aprendizado. Ao invés de rejeitar automaticamente alguém por suas escolhas políticas ou preferências culturais, tente buscar pontos em comum, encontrar interesses compartilhados ou explorar outros tópicos de conversa.
Lembre-se de que cada pessoa é um ser humano completo, com muitas facetas além de suas preferências políticas ou musicais. Ao promover a tolerância e o respeito em nossas interações diárias, podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais harmoniosa, mesmo diante de diferenças significativas de opinião. Parte superior do formulário Certa vez, levei um grande artista a uma festa na casa de outro artista igualmente conhecido. Os dois estavam com a amizade um pouco estremecida. Já na porta, tive dificuldade em convencer o primeiro a entrar comigo, pois eu queria muito promover uma reaproximação entre eles.
Tratavase de duas figuras muito humanas que eu admirava muito, e sabia que o motivo da desavença entre eles era infundado. Ao tocar a campainha, o primeiro artista me disse: ‘Marta, eu sei que você gosta de fazer as vezes de Irmã Dulce da música, mas avise ao seu amigo que se ele está pensando que vou cantar para os convidados dele, está redondamente enganado’.
Assim que entramos, o artista dono da casa me chamou na cozinha e disse: ‘Você trouxe ele?! Mas se ele pensa que vai abrir a boca com essa voz de taquara rachada para os meus convidados, ele pode tirar o cavalinho da chuva’. Eu acabei tendo uma crise de riso que fez parar a música e silenciou todos que estavam cantando. Isso gerou um clima de inquietação, pois todas as vezes que eu entrava na sala, começava a rir só de olhar na cara dos dois.
Eles se gostavam como pessoas, curtiam o trabalho um do outro e se admiravam como artistas. Fui embora do Brasil muito feliz por tê-los deixado em lua de mel, a partir daquela noite. Não, eles não são gays! São apenas dois amigos apaixonados um pelo outro. Entre uma pausa e outra um penetra, só podia ser, puxou o assunto de política…ai meus Deus, agora vai ter morte! Eu pensei! Um é esquerdista e o outro de direita.
Mas para a sorte de todos, uma alma boa puxou uma canção do Dja, e Djavan ninguém resiste! Quando eu penso que Lula e Bolsonaro, com as contas cheias de dinheiro e uma vida plena de conforto, foram e ainda são motivos de separatismos no Brasil e até no mundo, percebo o quanto estamos distantes da tolerância e da vontade de preservar a paz. Defender ideais políticos e gostar de determinado tipo de música não pode nos fazer melhor e nem pior que ninguém.
Se calhar, através da música conseguiremos nos comunicar melhor do que com as palavras. Que bom que eu tive a oportunidade de me valer da música, elemento agregador e ante discriminação, para reaproximar dois amigos querido e reacender uma amizade que continua perdurando.
Entre uma pausa e outra, um penetra, só podia ser, puxou o assunto de política… ai, meu Deus, agora vai ter briga! Eu pensei! Um é esquerdista e o outro é de direita. Mas, para a sorte de todos, uma alma boa começou a tocar uma música do Djavan, e ninguém resiste ao Djavan! Quando penso que Lula e Bolsonaro, com as contas cheias de dinheiro e uma vida confortável, ainda são motivos de separação no Brasil e no mundo, percebo o quanto estamos distantes da tolerância e da vontade de preservar a paz.
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Defender ideais políticos e gostar de determinado tipo de música não deve nos fazer melhores nem piores do que ninguém. Penso que, através da música, possamos nos comunicar melhor do que com palavras. Que bom que tive a oportunidade de recorrer à música, um elemento agregador e que supera a discriminação, para reaproximar dois queridos amigos e reacender uma amizade que continua a durar.