A aceitação da passagem
Por Janice Mansur (@janice_mansur)*
O luto é uma coisa difícil de se elaborar. Sou espiritualista, mas confesso que nunca lidei bem com perdas. Todas as vezes que me deparei com a morte, com a despedida, com o que se tem de deixar ir, relutei demais. Por meu ponto de vista, deveríamos ser ensinados a ver morrer, a ver partir. A sentir que a decomposição existe e faz parte da vida. A aprender a aceitar a passagem de um estado a outro.
Negar o óbvio é fugir… e eu sempre fugi disso. Nas 4 perdas maiores de minha vida, avô, avó, pai e mãe, todos os armários e gaveteiros eram esvaziados para que com eles eu pudesse me esvaziar e me reorganizar também. Cada pessoa tem um tipo de reação, não é mesmo?
Quando a “melhor” idade se aproxima, é muito difícil encarar que todos os seus melhores amigos estão partindo, bem pior quando é um companheiro de longa data. Podemos imaginar a dor de quem fica.
Por isso, desejo do fundo de meu coração que a Rainha Elizabeth II e você possam fazer o luto dos entes queridos nesses tempos tão difíceis.
Um poema para refletir
A vida é uma espécie de morte às avessas
Morre-se a cada dia para o mundo
Nossas células desgastam-se
Nossos neurônios mortos são eliminados
Nossa capacidade cerebral declina
Só não se extingue a capacidade para o amor
[O amor está sempre nascendo e é constantemente jovem]
A morte é uma espécie de vida às avessas
Eu me liberto de todo mal-estar
Do pesar de todo sofrimento
Da loucura que é viver sem saber para quê
ou para onde vou
Voo livre
Minha alma resgata a esperança
de um dia recobrar o sorriso
[sorrir pode ser desvendar o universo,
voltar a ser criança] @janice_mansur
* Janice Mansur autora é poeta, professora, revisora de tradução e produtora de conteúdo para o Instagram e o canal do Youtube: BETTER & Happier. Visite a autora também na Academia Niteroiense de Letras. (Digite no google ANL+ Janice Mansur).
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