A moeda pós-pandemia

Por Fernando Rebouças*

Durante a pandemia do coronavírus em 2020, as principais economias do mundo, incluindo economias emergentes como a do Brasil, adotaram a abertura de auxílio emergencial através do qual o governo federal oferece um valor menor do que o salário médio do país para ajudar profissionais autônomos, mães e chefes de família que não possuem renda fixa.

Além de não poder trabalhar em virtude do isolamento social e do impacto econômico gerado pela falência de empresas que ficaram inativas por causa da pandemia, muitas pessoas perderam seus empregos e suas fontes de renda, dependendo de ajuda e de orientação.

Porém, mesmo que tenhamos diferentes doses de uma vacina em escala mundial para imunizar a humanidade nos próximos meses e anos, ainda teremos que conviver com a pandemia econômica ou com os cenários econômicos pós-pandêmicos que aprofundarão a perda de renda, de poder de compra e de direitos trabalhistas entre a população ativa do Brasil e de outros países.

Como as pessoas viverão? Como as pessoas se adaptarão aos novos ventos do mercado e às novas exigências socioeconômicas nos próximos anos?

Mesmo que os países mantenham alguns programas sociais de amparo ou de repasse de renda para combater essa situação, seria primordial a criação de uma “moeda pós-pandemia” com dois conceitos de existência.

Essa moeda pós-pandemia encarada como projeto ou pacote econômico orientaria os principais agentes bancários de crédito a perdoarem as dívidas anteriores dos cidadãos de classe média, classe média baixa e classes mais vulneráveis, incluindo o reparcelamento de dívidas de micro e de pequenas empresas com juros menores.

Na outra face, a moeda pós-pandemia poderia também ser encarada como um vale compra digital que o cidadão poderia utilizar para comprar alimentos, pagar o seu aluguel e seus medicamentos, independentemente do valor financeiro já recebido com os auxílios emergenciais.

Essas duas medidas ajudariam a manter a saúde e a dignidade das pessoas, além de manter a roda da economia girando, pois se a roda parar de girar corremos o risco de ter uma nova crise econômica em escala mundial nos próximos anos, sem falar na possível mutação do vírus que poderia gerar uma terceira onda de infecção mesmo com todo mundo vacinado.

Portanto, não se trata de uma ideia comunista de estatização da renda, mas de compartilhamento de riqueza utilizando pequeno percentual dos tributos de cada país para oferecer assistência e recuperação social com poder de compra para o indivíduo e as famílias.

Ideias como renda básica a ser transferida aos mais vulneráveis não são novas, elas existem através do estudo de muitos economistas e sociólogos, mas ganhou corpo e se tornou uma experiência real que além de beneficiar as pessoas em 2020, também tem mantido determinados setores econômicos aquecidos em plena pandemia.

Além de dar dinheiro, precisamos repensar nossos sistemas educacionais, de saúde e de formação de livre mercado, para que o futuro da humanidade não se transforme numa pandemia crônica.

* Fernando Rebouças é desenhista, publicitário e editor. Autor dos quadrinhos do Oi! O Tucano Ecologista (www.oiarte.com) e de Scriptah (www.scriptah.oiarte.com).

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