Irã ataca Israel, captura navio israelense e navio português. António Guterres apela aos governantes “é hora de recuar do abismo”.
Foto: Reuters / Fonte: Noticias ao Minuto e Diário de Viseu
O mundo está em alerta após o ataque do governo iraniano a Israel, e os Estados Unidos e o Reino Unido estão sob ameaça por terem colaborado com Israel para interceptar cerca de 300 drones e mísseis disparados pelo Irã. No sábado, horas antes de lançar um ataque com mísseis e drones contra Israel, a Guarda Revolucionária do Irã capturou um navio de carga associado a Israel no Golfo Pérsico.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelense, Israel Katz, descreveu a captura do navio como uma “operação de pirataria”. Além disso, o Irã também apreendeu um navio de bandeira portuguesa. Em uma conferência de imprensa, Nasser Kanani, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, afirmou o compromisso do Irã com a livre navegação no Estreito de Ormuz, de acordo com o direito internacional. No entanto, declarou que o navio foi direcionado para águas territoriais iranianas devido à violação dos regulamentos marítimos internacionais e à falta de resposta às autoridades iranianas.
O diplomata mencionou que o navio “pertence ao regime sionista”, referindo-se a Israel, e está sob investigação pelas autoridades competentes.
O Irã está monitorando todo o tráfego no estreito estratégico para proteger seus interesses nacionais e sua soberania territorial, assumindo total controle sobre a entrada e saída de elementos, afirmou o porta-voz.
Enquanto isso, as negociações continuam para a liberação do navio com bandeira portuguesa e dos 25 tripulantes. A Índia pediu ao Irã que garanta a segurança dos 17 indianos a bordo do navio capturado.
O embaixador de Portugal em Teerã, Carlos da Costa Neves, se reuniu com o chefe da diplomacia do Irã, Hossein Amirabdollahian, buscando esclarecimentos sobre a captura do navio com pavilhão português no Estreito de Ormuz.
O navio com pavilhão português, um porta-contentores, foi apreendido no sábado pelo Irã perto do Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, com um total de 25 tripulantes a bordo. O porta-contentores capturado está ligado à empresa Zodiac Maritime, parte do Grupo Zodiac, com uma frota de mais de 180 navios e pertencente ao bilionário israelense Eyal Ofer. Após o encontro, uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) afirmou que “o governo continua a realizar todas as diligências previstas e adequadas”.
Os Estados Unidos, embora tenham apoiado Israel na interceptação dos drones e mísseis, afirmaram que não se envolverão em conflitos entre Irã e Israel.
O general iraniano Mohammad Bagheri explicou que os dois principais alvos foram “o centro de inteligência que forneceu aos sionistas as informações necessárias” para o ataque ao consulado iraniano em Damasco em 1º de abril, e “a base aérea de Novatim, de onde decolaram os aviões de caça israelenses ‘F-35’ que bombardearam as instalações diplomáticas do Irã na capital síria.
Por outro lado, o comandante em chefe da Guarda Revolucionária do Irã, general Hossein Salami, advertiu que haverá retaliação se Israel iniciar uma ofensiva contra interesses ou cidadãos iranianos em qualquer parte do país. Entretanto, quando cidadão são tomados como reféns, a realidade de cada um, não parece ser prioridade de nenhum governante que promove a guerra.
Israel informou que planeja responder ao ataque do Irã. E o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã avisou os Estados Unidos de que Teerã atacará “inevitavelmente” as bases militares norte-americanas no Oriente Médio se estas forem usadas para “defender e apoiar” Israel.
O ataque gerou condenações em todo o mundo e apelos à “contenção”, levando a uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e a uma convocação do G7.
O Conselho de Segurança da ONU encerrou sem consenso. O Irã defendeu que “não teve outra escolha senão exercer o seu direito à autodefesa”, enquanto Israel afirmou que tem o direito de retaliar, apesar dos apelos do secretário-geral e de todos os países para diminuir a escalada, e pediu sanções contra o Irã.
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para o perigo real de um “conflito devastador em grande escala” no Oriente Médio e pediu “máxima contenção”, salientando que “é hora de recuar do abismo”.
Os líderes do G7 condenaram unanimemente o ataque do Irã a Israel no final da reunião. “Todas as partes devem mostrar contenção”, afirmou Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.
A presidente da Comissão Europeia anunciou que a UE discutirá novas sanções contra o Irã para conter seus programas de drones e mísseis, após o uso dessas armas no ataque. Enquanto os líderes discutem, o mundo anseia pelo despertar da inteligência emocional, pois apenas os fracos promovem a guerra em um planeta já tão fragilizado.