O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, oficializou nesta quinta-feira a renúncia de António Costa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, oficializou nesta quinta-feira a renúncia de António Costa. A formalização da exoneração ocorre um mês após o ex-primeiro-ministro ter se demitido, em decorrência da Operação Influencer. Lacerda Machado usou sua amizade com Costa.
De acordo com o Ministério Público (MP), o advogado e consultor Diogo Lacerda Machado teria utilizado sua proximidade com o primeiro-ministro, António Costa, para influenciar decisões do Governo e de outras entidades em relação aos projetos da Start Campus. Documentos obtidos pela Lusa na quarta-feira indicam que, além da amizade com o ex-primeiro-ministro, Lacerda Machado também mantinha uma relação próxima com Vítor Escária, através do qual facilitou o acesso dos administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, a membros do Governo.
Lacerda Machado, detido como parte da Operação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, atuava como consultor da Pionneer Point Partners e depois da Start Campus desde o final de 2020, recebendo aproximadamente 6.500 euros mensais desde 2022. A sua influência junto a António Costa possibilitava a manipulação da imagem dos diversos intervenientes, conforme alega o MP.
O Ministério Público sustenta que Vítor Escária aceitou os pedidos de Lacerda Machado para intervir junto do Governo e de outras entidades em assuntos relacionados à Start Campus, proporcionando acesso direto e regular a João Galamba. Esses contatos foram concretizados em reuniões formais, almoços e jantares privados, em duas ocasiões pagos ao ministro, aparentemente violando o Código de Conduta do Governo, e também por meio de conversas via WhatsApp.
A formalização da demissão do Governo do Partido Socialista (PS) ocorreu agora porque o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, buscou garantir a aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano, visando assegurar a “estabilidade económica e social”. A demissão do Governo, anunciada a partir de 8 de dezembro, sucede ao pedido de renúncia apresentado pelo primeiro-ministro, António Costa, em 7 de novembro, em meio a uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio. O Presidente aceitou imediatamente a demissão de Costa e definiu a dissolução do Parlamento para 15 de janeiro, em preparação para as eleições legislativas antecipadas marcadas para 10 de março.