O que desejo para a virada de mais um ano?

Por Janice Mansur (@janice_mansur)*

Retrospectiva? Nem sei se seria interessante uma retrospectiva e penso mesmo que muitos por aí já a farão. Alguns foram tomados pelo ímpeto do pensamento positivo e chegaram ao fim do ano sem muito sucesso. Outros produziram o que deu, o melhor possível, o que foi muito bom. Outros preferiram esperar a vida ir passando como diria o Zeca, deixando a vida os levar. E cada um a seu jeito enfrentou seus próprios absurdos. E de algum modo, estando eu aqui nessa roda viva, não poderia sentir tão diferente, o que refletiu em minha produção escrita e o que chegou até meus leitores. E quando falo leitores, falo de todos em geral, espero que me entendam. As dissensões têm sido enormes, e esse fato muito me desequilibra e entristece.

O certo é que este ano atípico serviu de grande reflexão aos mais afoitos que não conseguem ficar consigo próprios, não procuram se conhecer melhor e mudar. Estar neste planeta exige mudanças radicais e para ontem. Mulheres, homens, animais, independentemente do gênero que tenham ou assumam, precisam aprender respeito, que começa dentro de casa e com boa educação. Quando falo “boa”, digo que deve ser aquela que se pauta pelo diálogo ameno, com uma comunicação não violenta entre seus pares, afetuosa, afetiva, efetiva e gentil. Preciso olhar para meus filhos como seres que, como eu, estão em processo e precisam de meu apoio e meu olhar compassivo para se desenvolver na direção correta.

Ahhhh, me perguntaria você, e qual é a direção correta?

GARANTO a você que não há receita de bolo. E como dizia minha mãe: “o que não tem solução, solucionado está”. Arrisco dizer que correta é a direção que possa elucidar nossos fantasmas e sombras e nomeá-los (para não ficar achando que somos “tão” bons assim), a direção que possa trazer noites de sono, de paz e descanso, de aprendizado com os erros (que todos nós cometemos). A cada dia tenho me exercitado para evitar julgamentos, tenho tentado olhar para dentro, tenho tentado escutar mais e falar menos. A não ser falar-escrevendo que é algo que me domina, mas posso fazer aos poucos – pensando – sem perder o senso.

Então, mudemos o rumo dessa prosa, porque quero hoje é falar DO hoje e, claramente, do amanhã, por que quem sou eu para já ter me livrado das expectativas?

Hoje desejo o óbvio, que se nós o praticássemos já seria melhor. Que nos amemos a nós mesmos de maneira plena (um amor não egóico) para poder amar o outro como ele merece; que o pai seja mais pai e saiba sua função de exemplo e esteio na vida de um filho; que a mãe seja mais mãe usando sua garra para ensinar a força que o feminino tem na vida de uma criança; que os amigos sejam mais amigos nunca desistindo de se ajudar; que as crianças sejam mais crianças, tendo alegria e felicidade, inventando brincadeiras engraçadas que também possam nos divertir (as crianças são nossa salvação).

Que os maridos sejam mais maridos, os amantes mais amantes, os irmãos mais irmãos… os tios mais tios, os avós mais avós, e o mundo menos violento. As pessoas sejam mais pessoas e menos infelizes, menos incapazes, menos deprimidas, menos invejosas…  Que sejam mais inventivas, criativas, amistosas e maravilhosas para si e, como consequência, para as outras. Que estejamos mais em contato com a natureza e com tudo o que ela nos ensina.

Que o mundo pare de ser o mesmo, coberto de preconceito, de raiva, de abundância, de desassossego e horror. Que nós tenhamos sucesso, no que acreditamos que seja ele, embora achem o contrário. Que as mortes sejam por velhice e não por doenças criadas pela indústria do medo ou por nosso descaso com a saúde de todos.

E que nós todos possamos mergulhar para dentro à busca do que é essencial, verdadeiro e sempre existirá, façam o que fizerem com nossa liberdade e nossas escolhas: o Amor, por mim e pelo outro.

Tenho 56, e cá estou eu me expondo, porque acredito no humano, e penso que em meio século a gente aprendeu um pouquinho, né? Mas saiba que continuo à busca de expansão, estudando sempre e me educando para largar velhos paradigmas e ser diferente, a cada dia outra pessoa e melhor.

Se vou conseguir? Isso são outros quinhentos…

E você? Vamos começar a construir agora o nosso amanhã?

Melhor 2021 para todos nós!

* Janice Mansur autora é poeta, professora, revisora de tradução e produtora de conteúdo para o Instagram e o canal do Youtube: BETTER & Happier. Visite a autora também na Academia Niteroiense de Letras. (Digite no google ANL+ Janice Mansur).

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