Comunidade portuguesa se une para discutir a educação das crianças de Lambeth

Imagem: Taylor Wilcox/Unsplash

O baixo desempenho de crianças portuguesas nas escolas de Lambeth tem origem na pobreza, na falta de envolvimento ou de conhecimento acadêmico dos pais, na barreira linguística e na ausência de um currículo escolar mais adaptado à comunidade multicultural. Ao menos foi o que apontou o encontro virtual  “Por que os alunos portugueses têm um desempenho tão baixo nas escolas de Lambeth?”, promovido pelo grupo Migrantes Unidos.

O seminário, ocorrido no domingo (29/11), teve a presença da cônsul-geral de Portugal em Londres, Cristina Pucarinho; o presidente da câmara de Lambeth Jack Hopkins, do Labour Party; o professor Feyisa Demie, de Durham University; professores de escolas de Lambeth, representantes do council e da comunidade.

A apresentação do professor Demie, que é também pesquisador de educação do Lambeth Council, ajudou a audiência a entender as raízes do problema, ao apresentar informações do censo escolar de 2019. Um dos dados mais alarmantes é de que 89% das crianças portuguesas ou descendentes de portugueses matriculados em escolas do bairro londrino à época da pesquisa não eram fluentes em inglês.

“Mas uma vez que aprendem o idioma, as crianças portuguesas se saem melhor do que as de qualquer outra nacionalidade”, diz Feyisa Demie.

A cônsul Cristina Pucarinho reforçou a importância de um envolvimento geral na formação educacional das crianças. “Para promover educação de qualidade para todos, é preciso que professores, alunos, pais e comunidade atuem juntos para criar um ambiente de educação”, disse.

Houve ainda intervenções importantes como a do educador Nuno Vinhas, que cobrou do governo mais investimentos na comunidade, e de Diego Costa, ex-Mayor da Juventude de Lambeth, filho de portugueses e ex-aluno de escolas públicas do bairro, que recordou como o idioma foi um desafio nos seus anos escolares iniciais. “Meus pais não falavam inglês e trabalhavam muito, não podiam me ajudar com as tarefas de casa. Frequentei clubes de homework e aulas extras”, contou.

Outra lição que o encontro virtual deixou para os participantes é que os resultados e as avaliações sobre alunos portugueses em Lambeth podem ser aplicados a outras áreas e outras comunidades de não falantes de inglês.

“Será que esse é um problema só em Lambeth?”, questionou Francisco Calafate Faria, mediador do encontro. “Não podemos nos limitar à pergunta ‘de quem é a culpa?’ porque isso faz com as pessoas que devem agir (pais, professores, agentes da comunidade e os próprios estudantes) se sintam constrangidos.”

A gravação do seminário está disponível aqui:

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