Porque o Brasil e a China pode intermediar a paz entre Ucrânia e Russia?
A proposta de acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, que será apresentada por representantes do Brasil e da China em Nova York, destaca a crescente influência desses países nas questões geopolíticas globais. Desde o início do conflito em fevereiro de 2022, a guerra entre Rússia e Ucrânia tem gerado tensões internacionais significativas, e a atuação de Brasil e China pode ser vista como uma tentativa de mediar e buscar soluções pacíficas para a crise.
O Brasil, sob a liderança do presidente Lula, tem buscado uma postura mais ativa em questões internacionais, especialmente em relação a conflitos que afetam a estabilidade global. A presença do ex-chanceler Celso Amorim, um diplomata experiente, na reunião é um indicativo da seriedade com que o Brasil aborda a situação. A proposta conjunta com a China visa não apenas a desescalada do conflito, mas também a ampliação da assistência humanitária e a condenação do uso de armas de destruição em massa, o que demonstra um compromisso com a paz e a segurança internacional. Por outro lado, a China, que tem se posicionado como um ator importante nas relações internacionais, busca equilibrar suas relações com ambos os lados do conflito. Embora tenha mostrado apoio à Rússia, Pequim não vê benefícios em uma escalada da crise e, portanto, está interessada em promover um diálogo que possa levar a uma resolução pacífica.
A proposta de paz pode ser uma forma de a China reafirmar seu papel como mediadora e de fortalecer suas relações com países do Sul Global, ao mesmo tempo em que tenta evitar um isolamento internacional. A iniciativa de Brasil e China, no entanto, não está isenta de críticas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou descontentamento com a proposta, que não conta com o respaldo dos Estados Unidos e da Europa
Isso levanta questões sobre a viabilidade da proposta e a capacidade de Brasil e China de influenciar efetivamente o resultado do conflito. A atuação do Brasil e da China na busca por um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia reflete uma nova dinâmica nas relações internacionais, onde países fora do eixo tradicional de poder tentam desempenhar papéis significativos na mediação de conflitos. Essa abordagem pode não apenas contribuir para a paz na região, mas também redefinir as alianças e influências globais no futuro.
O interesse da Rússia e da China no Brasil é multifacetado e se baseia em aspectos econômicos, políticos e estratégicos. Para a Rússia, o Brasil representa uma oportunidade de fortalecer laços com países que não estão alinhados diretamente com o Ocidente, especialmente em um momento em que enfrenta sanções e isolamento internacional devido à guerra na Ucrânia. A Rússia pode ver no Brasil um parceiro que pode ajudar a legitimar suas ações e buscar apoio em fóruns internacionais.
Por outro lado, a China tem um interesse crescente no Brasil, não apenas por sua riqueza em recursos naturais, mas também por sua posição como um líder regional na América Latina. A China busca expandir sua influência na região e vê o Brasil como um aliado estratégico para promover suas iniciativas, como a Nova Rota da Seda. Além disso, a China tem interesse em manter a estabilidade global, e um Brasil engajado em processos de paz pode ser um facilitador nesse sentido.O Brasil pode intermediar a paz entre Rússia e Ucrânia, mesmo estando geograficamente distante, devido à sua posição como um país do Sul Global que busca uma abordagem diplomática e multilateral.
O Brasil tem uma tradição de mediação em conflitos internacionais e pode atuar como um intermediário neutro, capaz de dialogar com ambas as partes. A proposta conjunta com a China para um acordo de paz demonstra essa intenção, buscando promover um entendimento que leve em conta as preocupações de ambos os lados, como a expansão da assistência humanitária e a condenação do uso de armas de destruição em massa. A iniciativa de promover uma conferência internacional de paz, com a participação equitativa de todas as partes, é um passo importante para buscar uma solução pacífica e duradoura para o conflito. Assim, o Brasil se posiciona como um ator relevante na busca por soluções para crises globais, mesmo aquelas que ocorrem em regiões distantes.