O voo do AEK London FC
O que o AEK London FC conquistou no final de maio não foi pouco. Único time brasileiro em atividade com registro na Federação Inglesa, que voltou a atuar na temporada 2020/2021 após um período de pausa, o grupo consagrou-se campeão da Middlesex Super 6 League.
“A temporada foi interrompida por causa da pandemia após cinco rodadas e a federação criou mini torneiros. Nós ganhamos todos os jogos e, em agosto, começaremos a disputar em uma divisão superior”, explica Rafael Vieira, o Rafinha, fundador do clube.
Do lado dos brasileiros está o artilheiro da competição, Kaíque Campos, de 20 anos, que marcou cinco gols em quatro jogos. O grupo, comandado pelo treinador Márcio Tabosa, agora disfruta de merecidas férias antes de recomeçar a campanha na Middlesex Premier League, com treinos a partir de final de junho.

O objetivo é passar para uma divisão superior e ter acesso a disputar a FA Cup, a Copa da Inglaterra.
“Essa competição começa com partidas entre times do mesmo nível, mas depois da quarta fase times pequenos como o nosso podem enfrentar equipes famosas e grandes”, explica Rafinha. “Aqui na Inglaterra, é possível essa ascensão apenas com os resultados do campo.”
Todos os 20 jogadores e membros da comissão técnica do AEK London têm outras profissões e empregos. No grupo há motoboys, personal trainer, empresário, corretor de imóveis. Trabalham durante o dia, treinam à noite e, nos fins de semana, jogam com a camisa do AEK.
Com o apoio de três patrocinadores, Rafinha tenta agora conseguir ao menos outros dois apoios, para arcar com os custos de participação do time nas competições profissionais. “Nosso objetivo é conseguir remunerar nossos jogadores”, diz.
Aqui como na Grécia
A história do AEK tem um início despretensioso. Rafinha e outros jogadores de futebol atuavam em um outro time de brasileiros em Londres, atualmente fora de atividade. Foi quando houve um desentendimento com a direção daquele clube e eles saíram.

“Quando pensei em criar um time aqui em Londres, não imaginei até onde chegaríamos”, conta Rafinha, que no começo também jogava.
A ideia de homenagear o clube grego AEK, onde o craque brasileiro Rivaldo atuou, rendeu frutos. “Fundei o AEK London em 2014 e criei uma conta de Facebook, que foi vista pela equipe do original AEK. Depois de seis meses, o pessoal da Grécia entrou em contato para fazer uma entrevista e me convidou para ir lá.”
Claro, Rafinha aceitou o convite. O que ele não esperava era que uma noite antes do embarque para a Grécia, ao disputar uma partida pelo AEK London, ele quebrou a clavícula em três lugares. “Foi levado ao hospital, queriam me operar, então precisei assinar um termo de responsabilidade e viajei com dor mesmo”, relembra.
Na Grécia, o jogador brasileiro foi levado ao estádio olímpico de Atenas, onde foi recebido pessoalmente por Dimitris Melissanidis, o homem de negócios mais bem sucedido naquele país e dono do AEK.
Rafael conta que Dimitris gostou de ouvir que, assim como o time grego, o AEK London havia sido fundado por imigrantes. Ao final da conversa, ele sugeriu que o time londrino fosse registrado, começasse a competir oficialmente e, como forma de apoio, doou todo o material oficial do time, com roupas e acessórios para 35 pessoas.
O AEK London foi registrado em 2015. Atuou em três temporadas seguidas a partir de 2015/2016 e ficou em segundo lugar em 2018.
Mas em 2019, Rafinha resolveu ir para a Itália. “Na época, tínhamos até um mini bus para nos transportar aos campeonatos”, conta. “Fui para a Itália, me arrependi e voltei. O timo retomou às competições em 2020, pouco antes da pandemia.”
Clima de Brasil no vestiário
Rafinha explica que o fato de só haver brasileiros no time não é proposital. “Brasileiro chama brasileiro, você sabe”, diz. Assim, os planos de crescimento do time podem incluir jogadores de outras nacionalidades.

O futuro é reluzente para os meninos do AEK. “Nosso treinador diz que temos condições de continuar vencendo”, afirma o fundador do time, que já está com contrato com uma empresa de marketing esportivo brasileira. A ideia é captar patrocinadores e investidores.
Nos vestiários das últimas competições, como atestam vídeos publicados na página de Facebook do AEK London, o clima é de união. Rafinha conta que é como estar no Brasil na Inglaterra: também não falta pagode nas comemorações de vitória.
Para acompanhar o desempenho do AEK London, siga o time nas redes sociais: Instagram, Facebook e Twitter. E quando os jogos recomeçarem, o campo deles será o London Tigers Sports Complex, UB1 2AR.
Também pode interessar: