​Gibraltar e Andaluzia, um mix interessante de Reino Unido e Espanha

Por Juliana Araujo – Cercado por fortificações, herança de anos de guerras e distintas colonizações, muito por conta da privilegiada localização à entrada do Mediterrâneo, porta da grande Europa, o território britânico além-mar de Gibraltar é conhecido pela ”The Rock”, a famosa –e enorme– pedra que domina grande parte do lugar.

O destino de férias fica ao extremo sul da Espanha, quase África –África do norte, como brincam–, já que o que separa os dois continentes é o –literalmente– Estreito de Gibraltar.

O pequeno território inglês é a casa de centenas de europeus que migram para essa região, onde algumas empresas de apostas se instalaram devido à flexível lei local de cobrança de impostos. O clima é quente a maior parte do ano, mas o inverno é fresco. A costa do Mediterrâneo cercando o território oferece um visual incrível ao lugar, um cenário paradisíaco à beira mar.

Gibraltar faz fronteira com a pequena cidade de La Linea de La Concepción, na região espanhola da Andaluzia, o que propicia a oportunidade de aproveitar o melhor dos dois países, o fish and chips e as tapas, porções de comida tipicamente espanholas, normalmente feitas de peixes e frutos do mar –já que aqui e ali são bastante acessíveis– tanto em questão de preço quanto de variedade. Essa espécie de tira-gosto muitas vezes acaba por virar prato principal, já que você pode ficar horas batendo papo e “tapeando”.

A região do Campo de Gibraltar, como é conhecida a área andaluz que abrange os arredores do território britânico, tem muitos cafés e bares. Ao mesmo tempo em que no lado inglês a vida funciona no horário comercial convencional, com alguns pubs abrindo até mais tarde, do lado espanhol há a siesta, o descanso típico no meio da tarde, quando tudo fecha e, logo após, lojas e bares reabrem e seguem até a noite. Os bares e restaurantes permanecem abertos até tarde mesmo em dias de semana e a animação corre solta, com muitos drinks, é claro.

1 Vista da África

Para beber, uma sugestão típica local é o Tinto de Verano, um drink composto basicamente de vinho e limão que surgiu em Córdoba no início do século 20, e que se tornou tão popular que pode ser encontrado em qualquer bar, birosca ou supermercado, assim como em lugares mais requintados. Para o jantar, a pedida pode ser o gazpacho ou salmorejo. São quase iguais, a diferença é que o segundo leva pão na receita.

Um costume local são os chupitos, frequentemente oferecidos junto com a conta. Trata-se de um shot, alcoólico ou não, servido num pequeno copo como o de tequila Normalmente são cortesia da casa e têm várias opções.

A primeira impressão quando se chega em Gibraltar é curiosa. O aeroporto fica na fronteira, e a pista cruza o caminho para o posto de imigração. Ou seja, quando há aviões pousando ou decolando a pista de carros fecha e a imigração para. Esse processo aliás costuma ser simples e rápido, até porque são muitas pessoas que trabalham em Gibraltar e vivem na Espanha, que é mais barata por natureza, e a conversão da moeda (de libras para euros) ainda ajuda um pouco.

4 Fronteira

Gibraltar é um lugar delicioso para turistar, parece um bairro de Londres. Tem uma praça principal, a Casemate Square, com cafés e lojinhas de souvenir e logo mais restaurantes e pubs. Ali é possível cruzar por algumas passagens por baixo de portais de pedra que levam a um castelo na grande rocha. Em seguida se chega na rua principal, a Main Street, com várias lojas britânicas. Numa pracinha mais a frente várias pessoas oferecem passeios guiados. Como não dá para fazer tudo a pé, é recomendado alugar um carro ou o passeio guiado. Pelo caminho, muitos macacos fazendo “macacadas”, cuidando dos filhotes, se pendurando em tudo. Em todos os lugares avisos para que não encostem neles nem alimentem, mas algumas pessoas teimam em insistir e volta e meia alguém toma bronca de macaco.

O Campo de Gibraltar é composto de pequenas cidades que mais parecem bairros. Em vinte minutos você chega por exemplo a São Roque “donde vive la de Gibraltar” (resumindo, para onde foi o povo que morava lá na época de uma das guerras quando a Espanha tomou as terras do Reino Unido). Em seguida tem Algeciras, segundo maior porto europeu, onde tem o ferryboat para o Marrocos. Seguindo em direção ao oeste há a famosa praia de Tarifa e Cadiz, uma agradável surpresa com sua arquitetura incrível e um belo calçadão à beira do mar. Se for mais um pouco a frente, já chegas ao sul de Portugal. Tudo pertinho. A Espanha é grande para padrões europeus e, como o Brasil, tem vários países dentro dele. Cada região reúne particularidades e é impossível dizer que se conhece esse país só de visitar aqui ou acolá. Tem que rodar, tem que ir de ponta a ponta, pra se ter uma idéia do tanto que a Espanha oferece, e de todos os países que vivem dentro dela.

Ainda ali no sul se encontra Sevilha, Málaga, Marbella, Fuengirola, Jerez de la Frontera. Todas essas regiões têm uma unidade, uma uniformidade, se parecem. As características construções brancas ou cor de terra, o estilo, as ruas apertadinhas, o aconchego de cidade menor, mesmo quando estamos nas cidades maiores, Sevilha e Málaga.

2 Casas Coloridas

Como chegar

Pela Espanha, por Málaga (136 km) ou Sevilha (198 km). Recomendo alugar um carro, já que transporte público na região é bem deficiente. Outra coisa. Táxis da Espanha não entram em Gibraltar e vice-versa, é preciso descer na fronteira nesse caso.

O aeroporto de Gibraltar recebe majoritariamente voos do Reino Unido e é preciso fazer imigração tanto ali quanto para entrar na Espanha. Chegando de Londres, via British Airways (Heathrow e Gatwick) ou Easyjet (Gatwick). Também há voos de Manchester, Leeds, Glasgow, etc.

Clima

O clima é ameno, com estações marcadas, como em toda a Europa mas, devido à localização, o verão é quente, batendo os 40°C e o inverno é fresco, com mínima por volta dos 10°C. Venta bastante.

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