Moda ítalo-africana

Por Marta Stephens

A história de sucesso da moçambicana Zulfa Ramalheiro na Itália, onde mantém uma marca de roupas africanas, teve início com um encontro de amor. Daqueles arrebatadores e à primeira vista. Zulfa trabalhava no hotel onde o italiano Paolo Mercuri se hospedou por um longo período, enquanto trabalhava em Moçambique. “Foi amor já na primeira troca de olhares”, conta a mãe de Camilo (19 anos), Giada (16 anos) e Filippo (13 anos).

O casal, junto há 25 anos, mudou-se duas décadas atrás para Ardea, uma comuna italiana da região do Lácio, a 35 quilômetros ao sul de Roma e com cerca de 25.905 habitantes.

Enquanto os filhos eram pequenos, Zulfa se dedicou integralmente à família. Quando viu o caçula se tornar cada vez mais independente, decidiu que era momento se voltar um pouco mais a si própria.

“Primeiro fiz um curso de botânica. Minha intenção era trabalhar como designer de exteriores. Trabalhei como jardineira, mas ainda não era isso o que me motivava”, conta. “Foi quando uma amiga brasileira comentou sobre o curso de costura da escola Woman Look, em Roma.”

Zulfa estudou por três anos. Primeiro, corte e costura. Depois, designer de moda. Logo começou a trabalhar como costureira. Até hoje, faz um serviço muito particular: escolhe com as clientes o tecido, o modelo e os detalhes de acabamento e produz vestidos exclusivos.

“Faço com que elas se envolvam no processo de produção daquele vestido”, conta. “Tenho algumas clientes de idade bem avançada e elas adoram participar.”

Para garantir a renda, ela também faz reparos para uma lavanderia.

Saudade de casa

Foram a saudade de casa e a vontade de se expressar como africana que a levaram a criar a marca de roupas Xiluva Design. Xiluva, palavra do dialeto da sua cidade natal Maputo, tem entre os significados amor, beleza, flor.

O que Zulfa faz é uma moda africana moderna, prática e bela, para ser usada por qualquer pessoa e em diferentes ocasiões. Os tecidos são trazidos por um amigo do Senegal ou por ela mesma, de Moçambique, país ao qual retorna em visita a cada três anos.

O acabamento das roupas é inteiramente italiano, desde as técnicas de costura aplicadas por Zulfa às linhas e botões. É uma moda “ítalo-africana”, como define.

As vendas são feitas por encomenda, inclusive online (pelo facebook.com/zulfa.ramalheiro). “As pessoas me mandam as medidas e eu faço exatamente como os modelos das fotos”, conta. “Vendo, inclusive, para Portugal”. E também pode vender para o Reino Unido, avisa.