Cartão Vermelho para quem vender o nosso futebol!

Lucas Paquetá está sendo julgado por um tribunal britânico, suspeito de ter participado ilegalmente de manipulação de resultados de apostas. A justiça britânica apura as denúncias que sugerem que o craque está envolvido em apostas que partiram, inclusive, da Ilha de Paquetá, e que isso o fez receber três cartões amarelos. É claro que morremos de pavor! Um jovem com um futuro brilhante, um grande representante, em campo, do nosso futebol… Talvez inexperiente, talvez sem base sólida na sua formação, talvez iludido pelo mundo da luxúria por conta de más companhias, influências negativas de empresários inescrupulosos… Muitas coisas poderíamos trazer à luz para não nos sentirmos cruéis em nossos julgamentos, para justificar o caso e, principalmente, não termos que enfrentar, perante o mundo, talvez, a maior mancha do futebol brasileiro.
Considerando o valor dos ingressos, os conflitos descontrolados de torcedores nos estádios de futebol – serão plantados por questões de interesses econômicos? – e a paixão exacerbada por este esporte, é certo que também esperamos uma punição que sirva de exemplo e possa tentar frear as empresas de apostas que interferem nos resultados de um esporte tão caro ao coração de todas as nações. Punir o comportamento de Lucas Paquetá vai doer na alma de cada brasileiro, até mesmo daqueles que nunca se importaram com o futebol, mas não puni-lo acrescentará um peso na imensa carga de injustiça que este país já carrega nas costas e na sua imagem.
Muito antes de haver essa febre das empresas de apostas no Brasil, cada torcedor já tinha uma história de desconfiança em relação ao futebol. Desde resultados manipulados em pequenos torneios até títulos nacionais e mundiais. Aquele que jamais desconfiou do famoso resultado dos 7×1, que atire a primeira pedra. Cadê a seleção da Alemanha que, após a tal façanha contra a seleção canarinho, nunca mais se mostrou à altura de tal? Cadê o Fenômeno para dar uma palestra convincente sobre a convulsão que o tirou da Copa de 98, quando a França já comemorava o título antes da grande final começar? Talvez o Platini e a Nike possa nos convencer de que o título foi conquistado por mérito da seleção francesa.
Desde a época em que o homem prezava pelo brio e a bola rolou pela primeira vez no gramado, há quem tenha dúvidas. Eu mesma, aficionada por futebol desde criança, até hoje tenho minhas reservas com relação a Fábio Cota e Vanderlei Luxemburgo, na época da campanha “Brinquedo Assassino”, que deu ao meu time do coração o título de vice-campeão brasileiro de 1993. Fábio Cota era como um cantor de quinta escalação da música baiana, na época do auge do Axé Music, dando uma canja numa banda afinadíssima chamada Vitória. Nos primeiros minutos do jogo, ele calou a torcida rubronegra e lá se foi o nosso tão sonhado título.
Talvez, desde Charles Muler, tenha havido casos que deixaram os torcedores dormir com um olho aberto e outro fechado, mas, ultimamente, a invasão e o domínio das empresas de apostas estão tão absurdos quanto a guerra entre as forças armadas e o poder paralelo, em todos os países do mundo. Completamente descontrolado.
Seja como for, Paquetá parece ter escolhido o país errado para apostar em falcatruas, e a sua punição, assim como a de todos os atletas que se venderem para surrupiar as economias das nossas famílias e mexer indevidamente com as nossas emoções, merece e deve pagar o preço por essa aposta.