Estilistas e modelos da Mi Moda Indígena buscam apoio para participar da London Fashion Week

Por: Gabrielly Gentil / www.acritica.com/

Marca e projeto de moda foi criado com o intuito de fazer um intercâmbio de ensino entre a cultura ancestral dos povos originários da Amazônia, em diálogo com a moda contemporânea.

Estilistas e modelos indígenas do Amazonas e do Pará de diferentes etnias foram convidadas a participar de um dos mais importantes eventos de moda do mundo: a London Fashion Week. Eles fazem parte da Mi Moda Indígena, uma marca e projeto de moda criado com o intuito de fazer um intercâmbio de ensino entre a cultura ancestral dos povos originários da Amazônia, em diálogo com a moda contemporânea. 

Essa é a primeira vez que uma marca indígena estará em uma passarela fashion da Europa, na Semana de Moda. No entanto, para isso, precisam de apoio. “Recebemos o convite da London Fashion Week, porém eles não cobrem todos os custos. Em si, já é muito caro só participar de uma Fashion Week, as grandes mansões pagam para estar lá. Nós recebemos o convite gratuitamente. Porém, nós não temos ainda as nossas passagens aéreas. Por isso, estamos montando a nossa vaquinha online através da Vakinha e do Apoia-se”, esclarece Rebeca Ferreira, a Reby, presidente da Mi Moda Indígena. 

Coleção Biojoias

A marca irá apresentar a coleção Biojoias inspirada na música da embaixadora global da Mi Moda Indígena e cantora internacional de Jungle Jazz Karine Aguiar. “Dentro dessa temática, cada estilista irá apresentar seus traços manuais, sementes e grafismos de sua etnia. A composição será de crochês a partir de fios de juta e tucum, bordados com sementes naturais e tecidos orgânicos e/ou matérias-primas. Iremos levar uma coleção de 23 looks para o evento. Durante o Brazil World Fest, iremos levar artesanatos para vender na exposição”, destaca a presidente. 

Reby revela que as peças já estão em processo de modelagem, confecção manual e costura. “Passamos um pouco mais de um mês desenhando os croquis, pensando em levar peças tradicionais, peças contemporâneas e peças de luxo. Terminamos as nossas coleções e já estamos em processo de confecção. Esse processo manual é trabalhoso, exige concentração, tempo e cuidado. Então, estamos trabalhando todos os dias no nosso ateliê com o nosso coletivo de mulheres indígenas”.

“Iremos levar uma diversidade de sementes, como: jarina, açaí, buriti, lágrimas de nossa senhora entre outros. Estamos produzindo tintas naturais a partir do urucum, jenipapo e argilas entre outros processos. Estamos utilizando também tintas de serigrafia para pinturas em tecidos específicos. Estamos trabalhando com crochê em fios de juta e tucum, tecelagem manual, costura manual, borbados em sementes. Estamos utilizando tecidos de matéria prima como tururi, confeccionado manualmente. E estamos utilizando tecidos orgânicos e biodegradáveis como tricoline, viscose, seda, entre outros”, completa. 

O convite

A Mi Moda Indígena possui uma visibilidade internacional muito forte. E o convite para a Semana de Moda surge por meio dessa grande notoriedade. O projeto se consolidou internacionalmente através da coleção Pop Amazônico, com o intuito de conectar os povos da Ásia com os povos indígenas, unindo a modelagem asiática com a essência indígena. 

“Após esse trabalho, ganhamos um público muito grande pelos fãs do K-Pop, especificamente os Armys do BTS. E como nós aqui somos a maioria Armys, tivemos esse apoio consolidado internacionalmente. Nesse mesmo período, na Europa estávamos sendo estudados pelas Fashion Week e através da Karine Aguiar, recebemos o convite da revista britânica High Profile Magazine para a nossa participação na London Fashion Week”, revela Rebeca. 

Para ela, esse convite representa um marco na história da moda brasileira e dos povos originários do Brasil. “Estaremos representando todas as nossas comunidades indígenas, falando os nossos idiomas indígenas e isso é algo maior do que poderíamos sonhar enquanto coletivo. Somos muito gratas a Deus (Tupã) que abriu as portas para os povos indígenas entrarem e ocuparem espaços que são majoritariamente brancos”, conclui.


Sobre Mi Moda Indígena

Atualmente o corpo/coletivo da Mi Moda é composto por 30 pessoas, sendo 90% indígenas e mulheres. O projeto reúne sete estilistas indígenas de etnias: Munduruku (Seanne Oliveira), Apurinã (Elisângela Oliveira), Tikuna (Natália Dique), Miranha (Rosineide Gonçalves), Tupinambá (Carla Farias), Tukano (Mercedes Brandão) e Matses (Marina Wadick). Além de modelos indígenas das etnias já citadas e também Borari, Sateré-Mawé, Kokama e Baré.

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