Quem são os assassinos da humanidade

Por Manuel Gomes*

Joe Biden chamou “assassino” a Vladimir Putin. Pergunto o que aconteceria se um qualquer cidadão de qualquer país civilizado (assim se pensa serem a Rússia e os Estados Unidos), chamasse assassino ao seu vizinho da última esquina do lado contrário da rua.

Fazer acusações sem prova, como todos sabemos, constitui crime grave de atentado à honra e dignidade da pessoa. Podemos assim entender que não tendo Biden provas do que afirma, terá, alegadamente, atentado contra a honra e a dignidade do seu homólogo russo.

Vladimir Putin contra-ataca e afirma que Joe Biden, quando olha para o presidente da Rússia, não se estará a ver ao espelho.

Vejamos a definição de assassino como alguém que tira a vida a alguém e, neste caso, não faltam assassinos ao longo da história da Humanidade. No entanto, aqueles que são considerados os maiores assassinos da História não mataram mais que algumas dezenas, quiçá centenas de pessoas. Serão os maiores assassinos?

Basta fazer as contas.

A história da Rússia de ocupação de territórios nomeadamente no tempo da União Soviética e recentemente no caso da Crimeia, tem poucos relatos de homicídio em relação às populações locais. Os russos pretendem ocupar o território se possível sem fazer descer a população até porque esta é necessária para preencher a força de trabalho e fortalecimento da carga fiscal.

Já os Estados Unidos são hoje uma população que dizimou populações indígenas e, na atualidade, temos ainda o caso “Black lives matter” que espelha a relação racial entre a população branca, maioritariamente com raízes na Europa, e a população negra maioritariamente comercialmente importada dos países africanos.

Esta importação nunca aconteceu aos países do Leste, nem mesmo no curso da ll Guerra Mundial, em que os presos e condenados à morte não abandonaram o Continente Europeu. Para muitos infelizmente, como é o caso dos judeus.

Que dizer então dos europeus?

A começar logo pelo Mapa Cor de Rosa assinado pelos portugueses e espanhóis que dividiram o condomínio Mundo em duas partes, e passando pela intervenção dos mesmos europeus na América do Sul e África, encontramos uma história de arrepios difíceis de explicar à luz da mentalidade atual.

Veja-se a quantidade de países que falam as línguas português, espanhol, francês e inglês em todo o mundo, e ficamos com uma ideia da expansão dos europeus a nível global mesmo descontando a Índia, que foi primeiramente militarmente ocupada por Portugal e posteriormente pela Inglaterra, por força matrimonial da portuguesa Catarina de Bragança e Charles ll, Rei de Inglaterra.

No caso britânico, bastará olhar de soslaio para a Commonwealth para termos uma ideia da impressão que Inglaterra deixou como rasto ao longo da História.

Por outro lado, colossos como a China, o Japão ou a própria Índia nunca tiveram ao longo da sua existência histórias de colonização como aconteceu com os países europeus nomeadamente em África e no Continente Americano.

Para a concretização de toda esta dinâmica, o extermínio das populações locais e mesmo o tráfico da escravatura deixam uma mancha de mortes difícil de superar.

Nos tempos modernos, serão os Estados Unidos, à cabeça dos aliados, os maiores responsáveis pela quantidade de homicídios em todo o mundo.

“Que não” – dirão alguns afirmando que a morte em cenário militar não pode ser considerado homicídio.

Que sim. Digo eu para quem homicídio significa tirar a vida de outro.

* Manuel Gomes é jornalista e escritor português a viver em Londres.

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