Arte na pandemia
Em série de vídeos, músicos brasileiros contam sobre a experiência de vivenciar a pandemia em Londres
Por Marta Stephens
A exibição de arte musical foi um dos aspectos da vida cotidiana mais afetados pelo confinamento. Da noite para o dia, shows foram cancelados. Bares e restaurantes com música ao vivo fecharam as portas. Londres, vazia e silenciosa, abrigou inúmeros artistas brasileiros em um momento de incerteza.
A convite do jornal Notícias em Português, alguns músicos brasileiros que atravessaram o lockdown em Londres deram seus depoimentos em vídeo (disponíveis no nosso canal de YouTube) sobre como foi enfrentar a ansiedade e ainda produzir arte e se manter financeiramente dela no Reino Unido.
O baterista e percussionista profissional Cyro Zuzi foi o primeiro a contar sua experiência. Ele perdeu 95% da sua demanda de trabalho, desde o começo da pandemia. A viver em Londres desde 2007, ele é diretor da BishBashBosh Samba workshops, tocou em renomadas casas de Jazz como Ronnie Scotts e Jazz Café, se apresentou nos festivais de Glastonbury, Boomtown e fez aparições em alguns programas de TV como ´8 out of 10 cats´ (BBC) e Loose Women (ITV).
Mas quando o confinamento foi declarado, Cyro precisou se reinventar. “Tenho aprendido sobre áudio e vídeo e também sobre marketing, o que acredito será muito útil neste novo futuro”, diz. “O músico precisará tomar consciência de como produzir seu trabalho, em paralelo com a criação musical.”
Durante a pandemia, ele tem trabalhado até três vezes mais, sem ser remunerado por isso. “Trabalho para muitas escolas e dizem que para esse setor não voltará ao normal antes do verão de 2021”, conta. Como tem empresa registrada na Inglaterra desde 2013, Cyro tem recebido ajuda do governo.
A cantora Bella Negreiros, carioca/paulistana, chegou em Londres em outubro de 2019 para uma temporada. O plano era voltar para o Brasil em abril, mas por causa do confinamento ela continua por aqui tocando vários projetos artísticos.
Antes do confinamento, Bella tinha uma agenda de shows ao ar livre, em eventos e em restaurantes. “Nós artistas começamos a pensar em como agregar nossa arte àquele momento”, diz. “Foi quando surgiram várias lives e precisamos ser criativos.”
Em seu depoimento, ela falou como a comunidade artística precisa pensar a nova normalidade pós-pandemia. A mudança de paradigma requer ser mais atuante.
Bella Negreiros é cantora, locutora e designer. Trabalhou como vocal de Lulu Santos em turnês internacionais por oito anos.

No terceiro episódio da série Arte na Pandemia, Gui Tavares, nascido em Campinas e alma mineira, conta como a pandemia mudou sua rotina de trabalho e criação artística em Londres. onde mora há quase duas décadas.
Cantor, instrumentista e compositor, Gui é uma das mais importantes vozes da música brasileira em Londres. É ele quem comanda o grupo vocal Nossa Voz, com encontros semanais há mais de 15 anos. Por causa da pandemia, ele tem adaptado suas aulas ao meio online.

Mario Bakuna também encontrou alternativas de trabalho após ver sua agenda de shows cancelada. “Antes da pandemia, eu tinha uma série de shows marcados na Europa, Ásia e Estados Unidos”, conta o brasileiro de São Paulo.
Mario Bakuna é compositor, arranjador, cantor e violonista brasileiro baseado em Londres, com vinte anos de experiência profissional.
Formado pela Universidade Livre de Música de São Paulo, Brasil, ele estudou com músicos como Olmir Stocker, Roberto Sion e Roberto Bomilcar (pianista que tocou com Frank Sinatra durante sua visita ao Brasil). No Brasil, Mario Bakuna tocou ao lado do trombonista Itacir Bocato, do violonista Renato Consorte e do pianista Nelson Aires, só para citar alguns.
Assista todos os vídeos da série Arte na Pandemia, na qual artistas de origens lusófonas contam sobre a experiência de vivenciar a pandemia em Londres, no canal de Notícias em Português no YouTube.